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Há 25 anos que o Festival de Música e Tradição da Lombada recria e preserva tradições

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Seg, 28/07/2025 - 11:25


A recriação do ciclo do pão e a música tradicional voltaram a unir-se, no fim de semana, na aldeia de Palácios 

A recriação do ciclo do pão e a música tradicional voltaram a unir-se, no fim de semana, na aldeia de Palácios, no concelho de Bragança, com a 25.ª edição do Lombada – Festival de Música e Tradição.

Durante a manhã de sábado fez-se a segada manual, da parte da tarde houve uma malha tradicional, onde nunca faltou música e animação feita pelos gaiteiros. No meio da aldeia, havia uma feira com artesanato e produtos da terra. Preservar as tradições, dando as conhecer aos mais novos, e reviver outros tempos para os mais idosos são os objetivos principais do evento.

Irene Roque, natural da aldeia de Babe, mas residente há mais de 40 anos em Palácios, mostrou-se feliz por reviver a segada de outros tempos. “Isto é uma alegria, veio gente de todo lado para nos ver. Este evento deixa a aldeia empolgada, passámos uma semana de azáfama, mas com muita alegria à mistura. É muito bom, sinto-me contente por poder ajudar a preservar as nossas tradições. Na sexta-feira, estivemos a fazer pão todo dia e, no sábado, fomos bem cedinho fazer a segada à mão, como era feira antigamente. A aldeia está toda em festa, tudo contente, e até os pequenos ficaram admirados, porque nunca tinham visto isto e gostaram de apreciar estas coisas”, frisou.

Horácio Frutuoso, natural de São Julião, destacou que foi “um dia muito especial”, onde recordou os tempos da segada e da malha “com muita animação”. Quanto às atividades, andou a “segar com a foice, a atar molhos e a carregar os carros dos animais”. 

Isabel Grande, da aldeia de Milhão, salientou que “foi um ótimo dia”, completamente “diferente dos outros”, onde a memória a fez viajar “aos tempos em que era jovem”.

A iniciativa atrai visitantes de vários pontos do país e de Espanha, mas também filhos da terra que vivem fora. Bruno Aliste, presidente da Associação Cultural e Ambiental de Palácios, que organiza o evento, arrisca-se a dizer que esta foi a edição mais participada de sempre. “O balanço é muito positivo, excedeu todas as expetativas. Como eram os 25 anos, já esperávamos mais gente, mas realmente ficamos surpreendidos e arrisco-me a dizer que foi a edição mais participada de sempre. É um festival onde conseguimos perceber o quão duro era, antigamente, para fazer chegar o pão à mesa. Hoje, vamos buscá-lo à padaria e é rápido que está na mesa, mas noutros tempos era realmente um processo muito duro e os mais jovens ficam a perceber como é que isso se faz. Os grupos musicais também ajudaram a atrair público, com destaque para os Galandum Galundaina. Um grupo que começou a dar os primeiros passos neste festival, há 25 anos”, referiu.

Raúl Tomé, natural da aldeia de Palácios, foi o fundador do Lombada – Festival de Música e Tradição. Destaca que tentaram mostrar aos mais novos como eram feitas as refeições da gente que ia para a segada e para a malha. “Recriámos o ciclo do pão e tentámos fazer tal e qual como era antes, para mostrar às diversas pessoas que vieram de vários pontos do país e da nossa vizinha Espanha como se fazia. Nos momentos de refeição, mostrámos como era feito o reforço alimentar, que acontecia por volta das 10h00, essencialmente com pão, pataniscas, queijo e com o pernil, que era aquilo que era característico. Depois, vinha o almoço e, este ano, optámos por caldeirada de cordeiro. Da parte da tarde, era tempo de malha e havia uma merenda com os produtos regionais. É importante continuar a preservar e a manter as tradições do nordeste transmontano”, vincou.

Para além das várias atividades, a aldeia de Palácios recebeu as atuações musicais dos Galandum Galundaina, da Orquestra Popular Tradibérica com Paco Díez e as Ambria Ardena. Durante o dia, os gaiteiros que são cada vez mais na zona da Lombada, animaram as pessoas que por ali passaram.

Foto: Orlando Nascimento 

Jornalista: 
Vitor Fernandes Pereira