Qua, 10/11/2010 - 11:41
Todas as quantias relativas ao pagamento das comparticipações do Estado pelos utentes do Serviço Nacional de Saúde e de outros subsistemas de saúde estatais, são pagas à Santa Casa, que posteriormente, está obrigada a transferir para a Lusipaços. A gerência do hospital afirma que a divida ascende a 1 milhão de euros.
José Ignacio Lopes, sócio gerente da Lusipaços, diz que a Santa Casa da Misericórdia tem feito passar a mensagem de que a gestão do hospital de Valpaços terminará no final deste ano, por força de um novo acordo entre a União das misericórdias e o Ministério da saúde, onde estabelece que o hospital de Valpaços terá de ser gerido pela Santa Casa. Ora, a lusipaços tem um contrato assinado que termina somente em 2014.
“Oficiosamente, fala-se que a Santa Casa diz que foi denunciado o acordo pela ARS. Tenta passar o problema à ARS, porque vão entrar novos acordos. Uma coisa é que se denuncie o acordo vigente porque entra um novo acordo ou porque simplesmente acaba o acordo vigente.”
Na base deste desentendimento poderá estar ainda a recente nomeação de Gaspar Borges para a gerência do hospital de Valpaços. O visado esclarece que o provedor da Misericórdia poderá sentir que assim o seu lugar poderá estar ameaçado.
“Penso que o senhor Provedor andará mal aconselhado. A minha nomeação poderá causar alguma apreensão, em termos de uma futura sucessão, penso eu. Já há muito tempo que fiz saber que não passa pela minha cabeça ser o substituto. Não está nos meus planos ser provedor”, garante.
Entretanto, esta nomeação já foi alvo de duas providências cautelares, alegando ilegalidades na acta de nomeação, por parte de um dos sócios da empresa gerente do hospital, que poderá querer retomar o cargo, do qual já tinha sido expulso. Neste momento a situação financeira do hospital é muito preocupante, havendo ordenados em atraso
“Sobretudo a médicos, que já têm três e quatro meses sem receber. Os funcionários estão em dia.”
José Ignacio Lopes não percebe o que está a acontecer.
“A cada oito horas pergunto-me porque está a acontecer isto. Se o hospital não estivesse a correr bem, não me surpreendia. Mas aqui é ao contrário. Quanto melhor correm as coisas, mais problemas temos.”
Se esta situação se arrastar por mais tempo, a empresa que gere o Hospital de Valpaços avisa que poderá fechar as portas desta unidade de saúde no próximo mês de Janeiro.
O presidente da Câmara de Valpaços está preocupado com esta situação e tem servido de mediador neste conflito. Francisco Tavares conseguiu reunir as partes envolvidas neste processo, e mostra-se optimista quanto a um possível entendimento, mesmo se a gerência passar para a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços.
Até ao momento não foi possível falar com algum responsável da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços.
Escrito por CIR