Seg, 19/05/2025 - 08:57
Centenas de pessoas morreram a 8 de maio de 1762, numa guerra entre Miranda e Castela. “A praça de Miranda estava completamente rodeada de espanhóis, que antes tinham ocupado algumas povoações, nomeadamente Duas Igrejas, o Marquês Sarriá colocou lá o seu posto de comando, e dia 8 de maio de 1762 rebenta o paiol. Não se sabe o que aconteceu, se foi acidente, se foi uma traição, se foi um espanhol que conseguiu invadir e chegar ao paiol. Morreram cerca de 400 pessoas, isso é uma tragédia para Miranda”, explicou a arqueóloga Mónica Salgado.
Miranda do Douro esteve mergulhada na pobreza e miséria ao longo de quase 200 anos. A saída do bispo de Miranda para Bragança foi outros dos fatores que contribuiu para a desertificação deste território. Recentemente, já em 2020, foram descobertos vestígios desta guerra. “Identificámos umas valas dos combatentes e pessoas civis, num terreno onde fizemos sondagens arqueológicas, que correspondem a pessoas mortas com o rebentamento do paiol”, disse.
Ao longo de sexta, sábado e domingo, o recinto do castelo encheu-se de espetáculos de teatro, música, animação e também gastronomia, levando os visitantes a viajar no tempo até ao século 18.
Os mais novos também fizeram parte da encenação. Vestidos a rigor fizeram um desfile pela zona histórica e sabiam bem o que estavam a representar. “A Guerra do Mirandum é uma guerra entre Portugal e Castela. Castela quer atacar Miranda do Douro, que tenta ganhar, mas, com a destruição do paiol, Miranda começa a desabar”, explicou o pequeno João.
O artesanato também não faltou, nomeadamente a cutelaria, pelas mãos do artesão Francisco Cangueiro, com produção na aldeia de Palaçoulo. “Mesmo sendo peças modernas, acabamos por remeter para a história”, referiu.
A Guerra do Mirandum foi recriada pelo terceiro ano consecutivo e é mais uma iniciativa que atrai visitantes à cidade. Disso não tem dúvidas o vice-presidente do município, Nuno Rodrigues. “É o terceiro ano que estamos a fazer e, de ano para ano, vê-se o crescimento deste evento”, salientou.
Além da recriação teatral, houve ainda duas conferências, onde foram apresentarados vários factos históricos associados à Guerra do Mirandum.
Escrito por Brigantia