Qua, 05/11/2025 - 09:54
Em Trás-os-Montes, a campanha da castanha arrancou mais tarde do que o habitual. A seca prolongada e as temperaturas elevadas durante o verão atrasaram a maturação do fruto, que este ano apresenta um calibre mais pequeno. Segundo Carlos Moreira, produtor na freguesia de Zoio, no concelho de Bragança, este ano, além de a castanha ser pequena, é pouca. “As castanhas não cresceram. Parte disso foi da seca. Não tomaram bem a água e depois não desenvolveram”, lamentou, acrescentando que este ano além de “pequena é pouca e se não temos produção, não podemos vender”, frisou.
A poucos dias da Feira da Castanha de Vinhais e com o São Martinho à porta, celebrado a 11 de novembro, espera-se um bom magusto. E apesar do atraso na campanha e do pequeno calibre, Abel Pereira, presidente da ARBOREA - Associação Agro-Florestal da Terra Fria Transmontana, garante que o fruto será de boa qualidade. “O calibre é mais reduzido, é verdade, mas este ano temos duas boas notícias, o bichado não é muito intenso e o Gnomoniopsis o fungo que atacou em 2023, não deve ter expressão”, afirmou o presidente da ARBOREA. O dirigente lembra que o tamanho da castanha é consequência direta da falta de chuva. “O fruto não teve tempo de se formar. Com este sol e calor, acabou por desidratar, ficando mais pequeno”, explicou.
O presidente da ARBOREA vai mais longe e afirma que este atraso vai permitir que o preço de partida “não seja mau” na Terra Fria. “Normalmente, as zonas da Padrela, em Valpaços e da Terra Quente têm uma semana de avanço, o que faz com que, quando chega a vez da Terra Fria, o preço esteja em alta. Por isso, o atraso é sempre favorável para nós”, explicou Abel Pereira.
Ainda é cedo para fazer contas à colheita, mas produtores, como Carlos Moreira, admitem que não esperam grandes resultados este ano e preveem mesmo uma quebra. “No ano passado tive menos 40% do que em anos normais, mas este ano acho que vai ser ainda pior. Deve ser entre 50 e 60%”, estimou. Além da forte diminuição na produção, o calibre mais pequeno “poderá afetar o valor de venda”, disse.
Com a colheita ainda no início e a chuva dos últimos dias a trazer algum alento, os produtores preferem manter uma atitude prudente. Para Abel Pereira só se poderá fazer o balanço da campanha em meados de Dezembro, mas o presidente da ARBOREA mostrou-se confiante e afirmou que, este ano, será uma campanha razoável.
Escrito por Rádio Brigantia.




