Qua, 10/12/2025 - 09:14
O advogado de defesa da família morta em Donai, no concelho de Bragança, em 2022, Carlos Moura, disse, ontem, não estar satisfeito com a sentença dada ao casal condenado pela prática dos crimes, Nélida Guerreiro e Sidney Martins, já que se tratam de práticas de atentado à vida e, por isso, apesar de se ter feito “justiça”, não pode haver contentamento porque, “como é óbvio, está em causa a morte de três pessoas e isso nunca é motivo de satisfação”.
Classificando os crimes como “hediondos”, o advogado esclareceu ainda que os arguidos foram também condenados ao pagamento de uma indemnização à família das vítimas superior a 200 mil euros, sendo que os valores que tinham sido apontados rondavam os 330 mil euros. “Foram condenados em valores na ordem dos 225 mil euros, há ainda um pedido relacionado com os danos causados pelo incêndio no imóvel e nos bens que foi deixado para liquidação em execução de sentença, o que acrescerá a este valor de 225 mil para uma fase posterior”, explicou.
À saída da sala de audiências, a defesa dos condenados não quis prestar declarações à comunicação social, mas avançou que poderá recorrer da sentença.
O Tribunal de Bragança condenou, ontem, à pena máxima, o casal que terá matado a família de Donai. Nélida Guerreiro e Sidney Martins estavam acusados de dois crimes de homicídio qualificado, dois crimes de profanação de cadáver, na forma tentada, um crime de incêndio e um crime de furto qualificado na forma tentada, que ocorreram, em Bragança, em julho de 2022. Ao arguido foi ainda imputada a prática de mais um crime de homicídio qualificado e de um crime de ofensa à integridade física qualificada. O coletivo de juízes deu como provados quase todos os factos pelos quais a dupla estava acusada.
Recorde-se que a família era residente em Donai, concelho de Bragança, nomeadamente a mãe, Olga Pires, o pai José Pires e o filho Carlos Pires.
Os crimes ocorreram em dois momentos distintos. O primeiro remonta a 9 de julho de 2022, com a primeira morte, a de Olga Pires. Os dois arguidos elaboraram um plano para furtar droga e dinheiro da casa da família. Sidney tinha conhecimento que Carlos não se iria encontrar na habitação, mas foi surpreendido pela mãe deste, que, ao que tudo indica e segundo a leitura do acórdão, “tentou defender-se, porque apresentava vários cortes no braço”. O arguido com o uso de uma faca golpeou-a 10 vezes, na cara, pescoço e tórax, o que acabou por ser fatal. O companheiro, José Pires, nessa altura ficou apenas ferido.
Dias depois, a 19 do mesmo mês, a dupla regressou a casa das vítimas. Matou Carlos Pires, com 17 facadas, e golpeou José Pires, 24 vezes. Para eliminar os vestígios dos crimes e ocultar os corpos, os arguidos atearam fogo a dois quartos da habitação.
De referir ainda que o Ministério Público considerou indiciado que Nélida mantinha uma relação amorosa com Carlos Pires, que se dedicava ao tráfico de droga e que lhe fornecia o produto, apesar de viver em união de facto com o arguido.
Escrito por Brigantia




