Obras no IC5 deixam rasto de dívidas em Alfândega da Fé

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Ter, 26/07/2011 - 09:35


As obras do IC5 estão a deixar algumas empresas de Alfândega da Fé em dificuldades. Em causa as dívidas deixadas por alguns sub-empreiteiros que afectam já vários empresários da vila.  

Da euforia à decepção. A construção do IC5, que vai ligar o IP4 no Alto do Pópulo, em Murça, a Duas Igrejas, em Miranda do Douro, há muito que deixou de ser um El Dorado para os empresários de Alfândega da Fé.

Da promessa de desenvolvimento às promessas de pagamento distou pouco mais de um ano.

 

Algumas das empresas envolvidas na construção da estrada não aguentaram o embate da crise.
“Há empresas com bastantes dificuldades que estão a atrasar os pagamentos e outras que pediram insolvência. Já me devem aproximadamente oito mil euros”, garante António Leria, proprietário de uma lavandaria e um dos poucos empresários que aceita dar a cara. Garante que a situação lhe causa algumas dificuldades.

 

“É o pagamento do IVA que temos de fazer, o pagamento aos funcionários. Ainda assim, até à data temos pago sempre os ordenados”, assegura.

 

Mas as queixas não se resumem à lavandaria. Um dos três postos de combustíveis da vila ficou sem 2500 euros de uma empresa de Amarante que pediu recentemente a insolvência. Mas também restaurantes, empresas de aluguer de maquinaria ou empresas de alojamento rural são credoras de quantias elevadas.

 Muitas destas queixas vão bater às portas da Câmara Municipal. Uma situação que está a deixar a presidente, Berta Nunes, preocupada.“É evidente que estou preocupada quando falamos em salários em atraso ou em sub-empreiteiros que abrem falência e desaparecem. Mas a minha expectativa é que acabem por pagar o que devem”, diz.

A autarca diz que estas dívidas são um forte revés na economia local.

 “Estes investimentos são muito importantes para o nosso concelho. Temos muita gente a trabalhar no IC5 e na barragem do Baixo Sabor, e as empresas têm beneficiado com estas obras no terreno, mas esta situação tem acontecido com alguma frequência. São valores significativos para o nosso tecido económico”, explica.

Em causa estão dezenas de milhares de euros.

 

Para já, duas empresas pediram insolvência. Uma delas logo na altura de instalação dos estaleiros. A Mesquita deixou mesmo parte do material para trás, ao abandono em Valverde há quase um ano.

 

Para além da situação com os empresários locais, na semana passada foi a Sodrenagens, de Condeixa, uma das maiores sub-contratadas a trabalhar no IC5, que interrompeu os trabalhos, alegadamente por falta de pagamento por parte da dona da obra, a Opway.

 Na sexta-feira, os estaleiros da empresa estavam quase desertos e as máquinas paradas. Sem gravar declarações, um dos trabalhadores confirmou que desde segunda-feira que não havia trabalhos.

Na vila fala-se numa dívida de quatro milhões de euros.

 Até ao momento, e apesar de diversas tentativas, ainda não foi possível obter nenhum esclarecimento por parte da Opway, a empresa que acolheu Almerindo Marques na sua administração, depois de se demitir da Estradas de Portugal.