Falta de cirurgiões em Mirandela reabre polémica das urgências médico-cirúrgicas

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Sex, 02/07/2010 - 11:05


  A falta de cirurgiões na urgência médico-cirúrgica de Mirandela vai obrigar a uma reorganização do horário e à transferência de um cirurgião para Bragança durante três meses.

Uma situação que está a causar polémica na cidade do Tua, sendo que o autarca local ameaça levar o caso a tribunal.

O director clínico do Centro Hospitalar do Nordeste garante que as urgências são para manter.

Mas Sampaio da Veiga admite alguns condicionalismos.

“Vai-se manter o serviço em Mirandela tal como estava até agora. É evidente que no período de férias, o número de médicos cirurgiões que temos é escasso para manter as equipas tal como estavam. Apenas há uma redução diária de um médico no período da tarde. Um dos médicos que estava em prevenção vem reforçar a equipa de Bragança. Se o CHNE não tem meios suficientes, o serviço principal de urgência, que está em Bragança, não pode ser enfraquecido para manter as duas abertas nas mesmas condições.”

Sampaio da Veiga diz que só serão afectadas situações emergentes, que terão de ser transferidas para Bragança, algo que já acontecia anteriormente.

Em Mirandela poderão ficar situações menos graves do ponto de vista da saúde.

“Tipo apendicite, tipo estudo do abdómen agudo, que os cirurgiões demoram algumas horas a fazer o estudo e o diagnóstico. Situações desta natureza cuja resolução pode ir até às 72 horas sem risco para o doente e são perfeitamente normais de resolver. Havendo cirurgiões em Mirandela, como vai continuar a haver, essas situações serão acompanhadas. Só as emergentes, que já não eram feitas, continuarão a ser transferidas. Politraumatismos ou traumatismos ósseos, no tórax ou cranianos continuarão a ser transferidos.”

De acordo com aquele membro do conselho de administração do Centro Hospitalar do Nordeste, esta foi uma proposta que partiu do próprio serviço de cirurgia e vai manter-se durante três meses.

Mas quem não gostou foi o autarca de Mirandela.

José Silvano diz que está a ficar desiludido com a administração do CHNE, que, segundo acusa, tem faltado à verdade e não estará a cumprir um protocolo assinado com a autarquia, com o Ministério da Saúde e com a ARS Norte, para a instalação da urgência em Mirandela.

O autarca acredita que esta medida é “uma machada” no serviço e que este será reavaliado “dentro de poucos meses”.

Por isso, garante que vai tomar medidas urgentes.

“A primeira será pegar no protocolo assinado e dentro de uma semana colocá-lo em tribunal para responsabilizar o ministério da Saúde e quem o assinou pelo seu não cumprimento. Se os particulares têm que cumprir os contratos que assinam, o Governo não está acima dessa regra. Se isto não tiver efeitos, vou novamente pedir à população de Mirandela que diga a essa gente que está farta e venha para a rua reivindicar aquilo a que tem direito.”

José Silvano diz que não pretende uma indemnização mas que o Ministério da Saúde obrigue a administração do CHNE a manter a urgência médico-cirúrgica em Mirandela, com as sete especialidades acordadas.

Escrito por Brigantia