Deputado independente quer ver Linha do Tua em referendo

No seu regresso às funções de deputado municipal independente, após suspensão de 300 dias, José António Ferreira, considera ser este um tema actual e pertinente. O dilema de um futuro incerto da linha do Tua e a hipótese de construção da barragem de Foz-Tua. Numa decisão deste nível, segundo o deputado municipal e Mestre em História Contemporânea, é preciso ter em conta, na sua avaliação, a componente histórica e o seu património natural e humano, bem como o seu potencial turístico, o que tudo somado são mais valias para o desenvolvimento social e económico da região. Daí, José António Ferreira socorrer-se dedo uso da competência dos deputados municipais em propor um referendo local sobre a matéria. “Perante esta realidade proponho à Câmara Municipal de Mirandela que avalie a relevância em submeter a referendo local a exploração e a manutenção da linha do Tua”, afirma deputado municipal independente realçando que “o referendo teria o mérito de promover um amplo debate acerca das vantagens, inconvenientes e alternativas para a manutenção ou desmantelamento da linha”.

Desta forma, segundo o autor do livro “O poder local e regional na assembleia constituinte 1975-1976”, poderiam ser os cidadãos em geral fazer chegar a sua voz ao Poder Central, podendo mesmo condicionar a sua decisão política. José António Ferreira até sugere qual a pergunta que pode vir a ser colocada em referendo. “ Fica à consideração da câmara municipal discutir o alcance político que esta matéria poderia revelar, e se assim o entender definir a matéria a sujeitar a referendo local elaborando a pergunta que poderá girar em torno de um exemplo como: “concorda com a manutenção da linha ferroviária do Tua e a sua exploração pela empresa Metro de Mirandela?"

José António Ferreira pensa até que o presidente da câmara de Mirandela deveria contagiar os demais autarcas dos municípios abrangidos pela linha do Tua a realizar um idêntico processo de consulta às populações locais e preferencialmente em simultâneo. “Desta forma com consulta local por via do referendo seria um autêntico processo de consulta regional, de defesa dos interesses da região, serviria também para ver quem verdadeiramente se coloca ao lado das populações e da defesa dos seus interesses”, considera o deputado municipal independente.

A proposta apresentada na Assembleia Municipal fica agora à espera de resposta.

 Uma proposta que surge no dia em que se sabe que afinal, na melhor das hipóteses, só dentro de dois meses é que a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto terá pronto o relatório final sobre o acidente que aconteceu na linha do Tua, a 22 de Agosto. Recorde-se que o Ministro dos Transportes deu o prazo de um mês, após o acidente, para que esse relatório fosse apresentado pela comissão técnica de inquérito. Entretanto, Mário Lino aceitou prorrogar esse prazo até 22 de Outubro. Sem querer prestar declarações gravadas, Raimundo Delgado, coordenador do estudo da FEUP solicitado pela comissão técnica de inquérito revela que, em trinta dias é impossível apresentar conclusões científicas sobre o que esteve na génese deste acidente Raimundo Delgado confirma que foi criada uma equipa multidisciplinar de uma dezena de especialistas de diversas áreas que já esteve no local do acidente onde foram recolhidos dados que estão a ser transformados numa espécie de modelo matemático. No entanto, a maior parte destes testes serão produzidos em laboratório, que implica uma enorme complexidade na análise dos parâmetros, pelo que confessa que, na melhor das hipóteses só dentro de dois meses podemos apresentar um relatório final que possa explicar os contornos deste acidente.