IC5, raça mirandesa e despovoamento no centro do debate entre candidatos à câmara de Miranda do Douro

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Sex, 12/09/2025 - 10:52


Entre 2011 e 2021, Miranda do Douro perdeu 13% da população. Candidatos debaterem que urge fixar pessoas ao concelho 

Helena Barril, presidente da câmara de Miranda do Douro e candidata a um segundo mandato, apoiada pelo PSD, quer, nos próximos quatro anos, levar o IC5 de Duas Igrejas a Palaçoulo. Há quatro anos a pretensão era que a estrada seguisse até Espanha, mas a prioridade mudou, afirmou, ontem, no debate entre os candidatos à câmara de Miranda, promovido pela Rádio Brigantia e Jornal Nordeste. “Dada a importância econômica e estratégica da capacidade industrial que tem Palaçoulo, temos o estudo para fazer a ligação do nó de duas igrejas direto a Palaçoulo. É mais prioritário, neste momento, avançarmos com essa ligação porque é um polo industrial extremamente importante, que já começa a ser muito significativo a nível nacional”.

Nos últimos três anos perderam-se cerca de mil fêmeas reprodutoras da raça mirandesa. Tendo em conta a necessidade de apostar na agropecuária e proteger esta raça, o candidato do PS, António Ribeiro, quer apostar no apoio aos jovens, de forma a que alavancar o setor. “Daríamos a possibilidade de aos próprios criarem suas próprias empresas. É isso que nós estamos a pensar, criar um gabinete de apoio à criação de projetos. Quem se quiser lançar hoje na agricultura tem uma grande dificuldade porque hoje a agricultura está muito modernizada, é preciso equipamentos e esses equipamentos saem um bocadinho fora dos orçamentos que os jovens, neste momento, dispõem e as próprias famílias. Nós tendo essas condições de proporcionar esses projetos financiados aos jovens, eu acho que nós conseguimos colmatar esse problema”, referiu o candidato socialista.

As barragens também estiveram em destaque. O candidato do Chega, António Sales, destacou que espera que o dinheiro a que Miranda tem direito, no que toca a impostos, chegue em breve e acredita que devia ser distribuído pelas juntas de freguesia. “Já há liquidação, falta a cobrança. Agora, efetivamente, pensar no futuro, esse dinheiro deveria ser em parte, não na totalidade, distribuído pelas juntas de freguesia, que seriam responsabilizadas pelas melhorias das suas zonas, reabilitação daquelas casas que estão velhas, usar isso para turismo, por exemplo, ou requalificar as estradas. Se queremos ajudar a juventude na agricultura, as máquinas são demasiado grandes, não cabem nas nossas pequenas estradas”, explicou.

Sobre os impostos devidos, o candidato do PS garante que lutará por justiça.

Entre 2011 e 2021, Miranda do Douro perdeu 13% da população. Caio Gabriel, da CDU, tem várias medidas para travar a perda demográfica. “Começo por habitação. As pessoas, como eu, que vêm de fora para viver aqui, sabem exatamente como a coisa funciona. É muito difícil conseguir achar lugar onde residir. Então precisa-se dar uma resposta para isso. Os transportes ajudam a atrair pessoas jovens. Com 2,5% do total do orçamento, a partir de 2023, nós conseguimos garantir transporte interaldeias a cada duas horas. Além disso, o investimento em cultura e o turismo e comunicação”, explicou.

Este candidato apontou ainda falta de gestão ao atual executivo.

“Quando se antecipa uma decisão e se começa uma obra, começa-se a fazer alguma coisa. Por exemplo, eu vou chamar um geógrafo para analisar esse terreno e verificar se vai estar tudo bem. Hoje parece que é tudo feito muito a calha. Existe muito retorno dos projetos. Os projetos têm dificuldade para avançar porque eles não são bem planeados desde o início”, acusou.

Para melhorar o acesso à saúde no concelho, a câmara implementou o seguro de saúde municipal, que cobre consultas de clínica geral, exames e consultas de especialidade. Uma medida que é para continuar, diz Helena Barril, já que há falta de médicos e técnicos no concelho.

A língua mirandesa também esteve em destaque e para a salvaguardar é preciso fixar jovens, diz o candidato do Chega.

“É preciso que haja pessoas que saibam ensinar o mirandês, que haja especialistas, que não há. Há curiosos. Agora, mesmo esses jovens, que estão hoje a aprender é preciso fixá-los cá. Mais tarde de saírem daqui, o que aprenderam hoje desaparece”, frisou.

O próximo debate acontece dia 16, na próxima terça feira, junta os candidatos à câmara de Mogadouro.

Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Carina Alves