Saúde mental dos mais jovens afectada com a pandemia

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Qua, 07/04/2021 - 09:19


A pandemia também já está a ter um impacto negativo nas crianças e jovens. A alteração de rotinas, o ensino à distância e a privação dos contactos sociais alteraram os níveis de ansiedade e fizeram aumentar os pedidos de ajuda psicológica

Parece já ser claro que a pandemia tem vindo afectar a saúde mental das pessoas e as crianças e os jovens não são excepção. Segundo Sara Araújo, psicóloga no Hospital Terra Quente, as “alterações de rotina” e o “sentido inesperado” de tudo o que tem acontecido tem “consequências emocionais”. "Crianças e jovens adolescentes que já tinham de perturbação emocional ou de fragilidade psicológica, os sintomas agravaram, como consequência da pandemia. Estamos a falar da privação de uma vida social normal, da alteração profunda de rotinas, da alteração na relação com a escola e os outros".

Associado a estes sintomas, está também a desmotivação escolar. A pandemia veio alterar as rotinas e uma delas foi a aprendizagem presencial, que foi substituída pelo ensino à distância. "Notamos que as crianças e jovens se queixam de um aumento de desmotivação em relação aos processo de aprendizagem porque não é a mesma coisa que estar no ensino presencial".

Com as escolas fechadas durante o confinamento, os agrupamentos tentaram manter o apoio da psicóloga escolar à distância. No de Vinhais, segundo o director, Rui Correia, os alunos com mais dificuldades de aprendizagem continuaram a ser acompanhados na escola. Noutros casos a psicóloga manteve as consultas à distância. "Os psicólogos fizeram alguns apoios simples. Fizeram contactos, quer com os pais, para saber como estavam os filhos em casa, como estavam a reagir, se estavam bem. Os mais problemáticos estavam na escola".

No concelho de Bragança, a principal sinalização da Comissão de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças está relacionada com o absentismo escolar. Segundo o presidente da CPCJ de Bragança, nestes casos as crianças foram obrigadas a frequentar a escola de acolhimento. "Essas crianças são obrigadas a ir para a escola. As justificações que os agregados dão é que não têm o equipamento para aceder às aulas e internet. Às vezes, os pais não têm com quem as deixar".

Os pedidos de ajuda têm aumento. Muitas vezes são os pais que se apercebem alterações de comportamentos dos filhos, outras vezes são os professores.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais