Seg, 04/03/2024 - 10:57
As acessibilidades serviram para uma troca de acusações entre os candidatos dos partidos que elegem deputados em Bragança. Mas foi ao falar-se de educação que as acusações aqueceram. O candidato da Aliança Democrática, Hernâni Dias, não gostou de ouvir algumas concretizações da candidata do PS e enumerou várias falhas do Governo ao qual Isabel Ferreira ainda pertence, como secretária de Estado. “Não podemos estar só a enunciar aquilo que é mais positivo e esquecermos tudo o resto. Dá-me ideia que ainda vive na bolha do país das maravilhas mas não é assim que as coisas funcionam. O país real que temos é este, não temos alta velocidade, aeroporto, não foi inaugurado nenhum hospital, não temos habitação, o SNS está uma lástima, tempos a maior carga fiscal de sempre e a maior emigração dos nossos trabalhadores altamente qualificados, o maior número de sem abrigo de sempre. Quer mais exemplos da governação do PS?”.
Em resposta, Isabel Ferreira, candidata do PS, atirou que não quer voltar a ver o país ser governado pelos sociais democratas e enumerou o que o PS tem feito. “Mais crescimento do PIB acumulado entre 2019 e 2023, melhores salários, menos dívida, mais qualificações com mais alunos nas universidades e politécnicos, mais exportações e o investimento em máximos históricos. Eu vivo no país das maravilhas, vivo, porque não quero voltar ao país do corte nas pensões e nos salários, do congelamento das carreiras, do aumento do desemprego e do convite à emigração”.
Na agricultura, a falta de regadio na região foi ponto assente. A candidata da Iniciativa Liberal, Teresa Aguiar, defende mais investimento para as barragens e açudes. “Trás-os-Montes tem barragens, há anos, há espera de licenciamento e de financiamento e temos que pensar na possibilidade de reabilitar alguns regadios tradicionais e de fazer manutenção aos que existem”.
Quanto à saúde, o candidato do Bloco de Esquerda, Vítor Pimenta, médico na Unidade Local de Saúde do Nordeste, reconhece que há “carências” em algumas especialidades e na falta de serviços em localidades mais afastadas. A telemedicina pode ser uma solução. “Passa pelo aumento da contratação de técnicos que não são nem médicos nem enfermeiros, técnicos auxiliares de diagnóstico e terapêutica, que muitas vezes aliviam o trabalho dos médicos, até optimizar os cuidados de saúde. O distrito é extenso, as pessoas percorrem centenas de quilómetros para ter acesso aos cuidados de saúde e há formas novas, na medicina, como telemedicina, as próprias equipas comunitárias se deslocarem para algumas destas zonas menos próximas dos centros grandes e prestarem alguns cuidados”.
A falta de acessibilidades, quer rodoviárias, quer ferroviárias, também foram discutidas. Para o candidato do Chega, José Pires, a região deveria ter os mesmos direitos que o resto do país e por isso há estradas que precisam de ser feitas. “Não faz sentido não estarem feitas as estradas Bragança-Vinhais, Bragança-Vimioso, Freixo-IC5, entre outras. Temos tido, ao longo destes anos, governação PS e PSD e o investimento nestas ligações é, basicamente, nulo”, rematou, dizendo ser “urgente” ter-se os mesmos “direitos” que outros distritos têm.
Em matéria de educação, Fátima Bento, candidata da CDU, defende a aposta no ensino profissional, como forma de formar mão-de-obra que faz falta à região. “Há várias carências na região, de profissionais mais especializados, que se foram perdendo, e não foi por acaso. As escolas profissionais têm passado um mau bocado, na forma como são financiadas. A Escola Profissional de Carvalhais, que forma alunos altamente especializados, nas suas várias áreas, precisava de mais apoios, por exemplo”, esclareceu Fátima Bento, que disse que “as escolas profissionais são muito necessárias”.
A atracção de pessoas, a sua fixação e o desenvolvimento empresarial também foi debatido. A candidata do Livre, Anabela Correia, defendeu que é preciso reduzir os impostos para atrair investimento. “Além de defendermos benefícios fiscais para as empresas, para que elas também se possam segurar aqui, temos o compromisso da subida do salário mínimo nacional, ao longo da legislatura, até aos 1150 euros, em 2027. O Livre pretende erradicar os estágios não remunerados ou remunerados abaixo do salário mínimo, os falsos recibos verdes, falsos estágios e falso trabalho independente”.
O candidato do PAN destacou-se ao falar do cálculo usado para eleger deputados. Octávio Pires quer ver o cenário mudar. “A minha candidatura e só para chamar à atenção de graves problemas que estão a acontecer, a nível local e mundial. A nível local preocupa-me a fórmula que se utiliza para o calculo de elição de deputados. Bragança elege três deputados, o que impossibilita praticamente que os pequenos partidos tenham possibilidade. Por isso, o PAN defende um círculo de compensação, tal como nos Açores, para que os pequenos partidos possam eleger também deputados”.
Isabel Ferreira, do Partido Socialista, Hernâni Dias, da Aliança Democrática, José Pires, do Chega, Vítor Pimenta, do Bloco de Esquerda, Fátima Bento, da CDU, Teresa Aguiar, da Iniciativa Liberal, Anabela Correia, do Livre e Octávio Pires, do PAN apresentaram as suas propostas para a região.
O debate da Rádio Brigantia e Jornal Nordeste reuniu os oito candidatos pelo círculo eleitoral de Bragança com assento parlamentar.
Escrito por Brigantia