Presidente do CTM considera que o futebol tem um "mau projecto desportivo em Mirandela"

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Ter, 02/08/2022 - 09:47


O líder do CTM Mirandela entende que os três clubes “estão a desperdiçar potencial” porque estão a fazer “o mesmo e deviam apostar na complementaridade”. Isidro Borges diz ser hora de os três clubes e o município se sentarem à mesa para definir uma nova estratégia. Ideias avançadas na última reunião do conselho municipal do desporto.

O futebol em Mirandela “tem um mau projecto desportivo porque os três clubes do concelho fazem o mesmo, não trabalham em complementaridade, e com isso dividem o seu potencial por três”, deixando ainda pouca margem de manobra para que outras modalidades possam recrutar atletas.

A afirmação é do presidente da direção do Clube Ténis de Mesa (CTM) de Mirandela que deu nota deste seu pensamento no Conselho Municipal do Desporto, onde também deixou a sua opinião do que devia ser a “receita” para que o futebol do concelho possa vir a tornar-se numa referência nacional. “Os clubes acabam por ser vítimas da circunstância, porque podem e devem existir e têm um futuro risonho à sua frente se trabalharem em regime de complementaridade que devia ser segmentado, em que cada um dos clube iria especializar-se e a partir daí deve ser mantido ou até reforçado tudo aquilo que nele se possa investir, porque não é gastar é mesmo investir”, sublinha Isidro Borges.

O líder do CTM Mirandela, há mais de 30 anos, entende que “é urgente adoptar uma nova estratégia no futebol do concelho” e sugere que os três clubes de futebol e o Município de Mirandela se “sentem à mesa” para dar um novo rumo à modalidade.

“O Cachão, o Mirandela e o São Pedro de Vale do Conde são todos nossos, mas se é para andar em lutas e competições para ganharmos ao nosso vizinho, então está bem assim. Mas se queremos uma Mirandela que não precise de 16 anos para ganhar um campeonato distrital de juniores, então temos de fazer diferente e unir o potencial, agregá-lo numa entidade e depois termos a nossa representatividade”, adianta Isidro Borges, acrescentando que a câmara também tem responsabilidades nisto e deve sentar-se à mesa com os clubes. “Afinal o Município tem ou não tem política desportiva?”, questionou.

Para se perceber melhor o modelo que o presidente do CTM Mirandela defendeu para o futebol, no Conselho Municipal do Desporto, Isidro Borges dá o exemplo do que se faz actualmente no Futebol Clube do Porto. “Tem a Dragon Force num sítio, o Olival em outro sítio e o estádio do Dragão é noutro sítio. Não vemos ali nove escalões no Dragon Force, outros nove no Olival e mais nove no Dragão, porque se o Porto fizesse isso deixava de ser o grande clube que é. Pois é isso que Mirandela está a fazer”, refere.

Isidro Borges diz que não é sua intenção “intrometer-me no trabalho das direcções dos clubes de futebol”, mas mostra disponibilidade para ajudar a melhorar a qualidade da modalidade que é responsável por 40 por cento do total de atletas que praticam desporto no concelho de Mirandela. “Não tenho de me imiscuir no trabalho do Sport Clube Mirandela, do grupo Desportivo do Cachão e da Associação de Desenvolvimento de São Pedro de Vale do Conde, mas falo na condição de cidadão da minha terra, por entender que o futebol tem um mau projecto desportivo e que estou disponível para ajudar a fazer melhor”.

O presidente do CTM Mirandela não tem dúvidas que se o ténis de mesa em Mirandela tivesse um projecto desportivo como tem o futebol, hoje, 31 anos depois de nascer o projecto do CTM, “ninguém em Portugal nos conhecia”, afirmou.

Na última reunião do Conselho Municipal do Desporto, o presidente do CTM Mirandela também deixou críticas à falta de investimento no parque desportivo por parte dos sucessivos executivos do Município de Mirandela que muito tem prejudicado as modalidades indoor. “Não é de agora, é de há muitos anos que o estado do parque desportivo de Mirandela é calamitosamente deficitário, porque, por si só, Mirandela nunca terá investido um tostão na criação de novos espaços que dignificassem e correspondessem ao que são os requisitos mínimos de uma boa prática desportiva”, acrescentou.

Também aqui, Isidro Borges aponta uma solução que entende não ser muito cara para os cofres da autarquia. “Faz falta uma área disponível, porque temos só dois pavilhões” (escola secundária e Inatel) “que têm pouco mais de 800 metros quadrados, pelo que bastava ter uma área disponível, em todo o seu perímetro, de cinco metros para cada lado e transformava-se aquilo que são 800 metros para quase 1500 metros quadrados, ou seja, quase para o dobro”. O líder do CTM acredita que “não seria necessária uma grande obra”, ressalvou.

Algumas das ideias defendidas por Isidro Borges na última reunião do Conselho Municipal do Desporto. O presidente do CTM Mirandela diz que a sua intenção é despertar consciências e dar um contributo para melhorar o projecto desportivo do concelho.

Escrito por Rádio Terra Quente (CIR - Cadeia de Informação Regional)