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Morcegos combatem mais de cem pragas no Vale do Tua

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Ter, 20/07/2021 - 09:18


Os morcegos podem dar um contributo importante para o controlo de pragas nas culturas de olival, vinha e sobreiros

Um estudo implementado em 2017 no Parque Natural Regional do Vale do Tua e conduzido por uma equipa, que incluiu o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, concluiu que são eficazes no combate a uma centena de pragas no Vale do Tua. Vanessa Mata, investigadora do CIBIO, explicou que foi possível apurar que foram predados 116 insectos, nomeadamente 14 pragas agrícolas e florestais importantes e 102 insectos de praga menores, o que permite a redução do uso de agro-químicos. "Se os morcegos comem pragas e se estão nos campos agrícolas, obviamente que, embora não saibamos a escala, se traduz numa redução dos insectos praga existentes e, portanto, nos danos nas culturas. Se estão a comer os insectos e têm capacidade de diminuir as suas populações, os agricultores não têm que colocar tantos pesticidas. Com menos insectos temos menos necessidade de agroquímicos".

Há quatro anos foram colocadas 100 caixas abrigos em postes de 42 propriedades agrícolas nos concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, que contou com o apoio das Associações Aflodouronorte e Silvidouro. Paulo Xavier, desta última associação, considera que este projecto apresenta benefícios para os agricultores, nos vários tipos de culturas abrangidas. "Os estudos indicam que na vinha tivemos um controlo mais acentuado pela cigarrinha verde e no olival pelo algodão da oliveira, no sobreiro ainda está a ser avaliado melhor, mas há indicação que também consegue controlar uma praga existente no sobreiro".

As caixas-abrigo, que permitem a proximidade dos morcegos aos campos agrícolas, tiveram uma taxa de ocupação elevada, no primeiro ano atingiu os 50%, e mais tarde chegou mesmo aos 90%.

O projecto, com duração de três anos, teve um financiamento de 250 mil euros, através do Fundo Ambiental. Caso haja mais financiamento, o objectivo é continuar com o projecto, garante o director do Parque Natural Regional do Vale do Tua, Artur Cascarejo. "Os postes vão lá ficar e, tendo em conta o sucesso do projecto, se tivermos possibilidade, vamos fazer outra candidatura. Teos muitos agricultores que querem ter lá mais postes porque querem ter esse efeito positivo no seu terreno".

No futuro poderão ser quantificadas as poupanças com a utilização de morcegos nas culturas agrícolas, que no caso dos Estados Unidos da América, estima-se que o sector poupe entre 3,7 e 53 mil milhões de dólares no controlo de pragas. As conclusões da investigação vão ser publicadas em livro, para que outros possam aplicar o método noutros territórios.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro