Ter, 28/12/2021 - 18:12
Isto porque o sector olivícola se debate com a falta de capacidade das fábricas para armazenar bagaço. Licínio Miranda, da extractora de Bagaço Aucama, diz que foram todos surpreendidos com a quantidade de azeitona produzida este ano. A produção da campanha 2021/22 já é considerada a mais elevada de sempre, e criou um problema de saturação nas empresas de recolha e tratamento de bagaço.
“O fecho dos lagares deve-se a duas razões essenciais, este ano as produções aumentaram brutalmente e este também foi ano em que as condições meteorológicas permitiram uma apanha muito rápida e a nossa capacidade de extracção não está a acompanhar essa produção e a apanha rápida que se fez”, sublinha.
80% da campanha deste ano está feita. Agora o constrangimento para os 20% de azeitona que ainda estão nas oliveiras será o da qualidade do azeite, visto que a azeitona, quando for apanhada, estará demasiado madura. Francisco Pavão da APPITAD, Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, refere que os produtores que apanharam a azeitona ontem, por exemplo, ficarão com ela em casa a degradar-se pois a partir de hoje os lagares estão parados.
“Neste momento, aqueles que ainda têm azeitona por apanhar estão com vários problemas, quem já apanhou, como os lagares estão fechados, a azeitona vai-se degradar rapidamente em casa, os restantes que já tinham tudo planeado vão ter de parar. Isto do ponto de vista de qualidade é complicado, do ponto de vista de gestão pessoal as pessoas aproveitam esta época para ter a família a ajudar a apanhar. A qualidade vai-se perdendo e muita azeitona cai”, sublinha.
Francisco Pavão acrescenta que é urgente encontrar soluções para resolver este problema. “Para nós é preocupante que ano após ano a situação se vá agudizando e agravando e as extractoras trem de fechar por questões técnicas. Que as solução integradas não passem só pelas extractoras, mas também por compostagem e outros tipos de transformação do subproduto bagaço, e as extractoras têm necessidade de aumentar o armazenamento”, referiu.
Na Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros, onde a produção total de azeite este ano deve ultrapassar um milhão de litros, o presidente, Luís Rodrigues, diz que por estarem já no final da campanha, ainda conseguem receber azeitona, mas com limitações.
“Nesta fase, temos 90 % da campanha feita, não vamos ter problema de recolha, temos capacidade para continuar a receber, mas vamos estar condicionados, porque podíamos estar já com tudo laborado e vamos ter de estar aqui condicionados às horas de laboração por não termos onde pôr o bagaço. estamos agora a trabalhar a 40% da nossa capacidade”, afirma.
Já no lagar Olimontes, também em Macedo de Cavaleiros, que estima receber um total de quatro milhões de quilos de azeitona até ao final da campanha, Jorge Lopes, responsável pela gestão, conta que tiveram de se adaptar para continuar a trabalhar. “O problema não é novo, tem vindo a agravar-se os últimos anos. No nosso caso, temos um tanque que não foi feito para este fim, mas fizemos uma adaptação para poder retirar o bagaço no caso de ser necessário usá-lo durante a campanha e estamos a utilizá-lo”, refere.
No caso deste lagar, e para contornar o problema, o gestor conta que já foi submetida uma candidatura para que possam dar outro fim ao bagaço.
Na região, e a servir o Norte e parte do Centro do país, há apenas três empresas que fazem a extração do bagaço, uma no concelho de Mirandela, que também vai fechar esta semana, a Aucama em Valpaços e uma terceira no Pocinho. Escrito por Terra Quente/Onda Livre (CIR).