Investimento de milhões de euros nas minas de Torre de Moncorvo pode não passar de "especulação"

PUB.

Seg, 12/03/2012 - 11:58


“Especulação da imprensa portuguesa”. É assim que a empresa anglo-australiana Rio Tinto classifica a notícia do alegado interesse em investir mil milhões de euros nas minas de Torre de Moncorvo. O Ministério da Economia prefere não dizer nada por enquanto e o presidente da Câmara de Moncorvo diz que foi uma bolha de fumo que rebentou...

A informação deu grande alarido em Portugal, no dia 21 de Outubro do ano passado, pois tratava-se de um importante investimento externo em tempo de crise e, ainda por cima, em Trás-os-Montes. Passados quase cinco meses, a empresa diz que não vai comentar especulações da imprensa portuguesa.   O Ministério da Economia também não comenta a lacónica informação da Rio Tinto, remetendo para declarações do ministro Álvaro Santos Pereira de 21 de Outubro em que apenas confirmou que” em vários sectores, incluindo o mineiro, havia conversações com várias empresas” mas nunca confirmou o milionário investimento da Rio Tinto, a maior empresa mineira do mundo.  Da empresa que detém a concessão das minas de ferro de Torre de Moncorvo até 2070, a MTI – Minning Technology Investments, também não foi possível obter informações sobre as negociações, já que o responsável se encontra no Canadá.  Confrontado com a resposta da Rio Tinto e o silêncio do Ministério da Economia, o presidente da Câmara de Moncorvo, Aires Ferreira, é tentado a dizer que aquilo que se passou em Outubro do ano passado foi pura especulação. “Aquilo que se passou no ano passado foi efectivamente especulação. Foi uma bolha de fumo de origem e objectivos duvidosos. Por parte do ministério da Economia também não foi realista… Quem está minimamente dentro do assunto sabe que aquilo que foi especulado jornalisticamente no ano passado não era possível e não tinha fundamento. Em segundo lugar, isto demonstra que a Rio Tinto foi uma empresa séria, o que é bom para Moncorvo”. Apesar disso, Aires Ferreira continua a acreditar que o minério de ferro vai voltar a ser explorado. “Há uma realidade que é o aumento de cotação do ferro em bouça, que torna mais atractivo o ferro de Moncorvo. Continuo a acreditar que a médio prazo o minério de ferro de Moncorvo vai ser explorado, nunca menos de sete anos e nunca da maneira como foi especulado no ano passado”.  Enquanto se avoluma a incerteza sobre o mega investimento da Rio Tinto, a Companhia Portuguesa de Ferro já anunciou que vai investir um milhão de euros, nos próximos três anos, em prospecção de depósitos de ferro na área mineira de Carviçais II, que ocupa 50 quilómetros quadrados dos concelhos de Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta. Uma zona que não é incompatível com o outro projecto.  As minas de Moncorvo são um dos maiores depósitos de ferro da Europa. Têm recursos medidos e indicados de 552 milhões de toneladas de minério, cujo valor, à cotação de 102 euros por tonelada no mercado internacional, representa 58,2 mil milhões de euros. Um valor equivale a cerca de um terço da riqueza em Portugal.Aquelas jazidas de ferro foram símbolo da exploração mineira no Nordeste Transmontano entre 1951 e 1986, altura em que a Ferrominas abandonou a exploração.A concretizar-se, o investimento da Rio Tinto permitiria criar, numa primeira fase, 420 postos de trabalho directos e cerca de 800 indirectos, bem como um pólo de investigação e desenvolvimento no Nordeste Transmontano, com parcerias com instituições locais e internacionais.   Escrito por Rádio Ansiães (CIR)