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Instituto de Medicina Legal nega atrasos nas autópsias em Mirandela

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Qui, 17/06/2021 - 10:03


É esta a resposta ao coro de críticas dos últimos dias, na cidade mirandelense, de que, no último ano, após a aposentação do único médico legista do concelho, os atrasos têm sido uma constante. Ainda assim, diz ter tomado a iniciativa, junto do Ministério da Justiça, de preparar legislação com vista a passar a permitir a realização de autópsias aos fins-de-semana e feriados

O Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses garante que, apesar da aposentação do único médico que realizava autópsias em Mirandela, “não tem havido atrasos na realização de autópsias, para além das decorrentes da situação de pandemia, dada a necessidade da realização de um teste prévio ao Sars-Cov-2, o que acontece em todos os serviços médico-legais a nível nacional”, pode ler-se numa resposta escrita enviada à nossa redacção.

É a reação ao coro de críticas que têm surgido na cidade transmontana, principalmente depois do testemunho de revolta dos pais do rapaz de 14 anos que morreu, na passada quarta-feira, dia 9 de junho, no rio Tua, quando nadava com outros colegas na praia fluvial da cidade. O corpo foi encontrado já ao anoitecer, pelas 20.40 horas, mas só foi autopsiado, na segunda-feira (cinco dias depois), levando a que as cerimónias fúnebres só pudessem ter acontecido esta terça-feira.

Quanto a este caso em concreto, o Instituto responde que a ordem de autópsia “só foi recebida no decurso da tarde de sexta-feira, foi realizado o teste ao Sars-Cov-2 e, não se realizando ainda autópsias aos fins-de-semana, foi a autópsia realizada, segunda-feira, no início da manhã”, refere a nota de esclarecimento.

Ainda assim, na nota escrita, aquele Instituto acrescenta que “o Ministério da Justiça e o INMLCF são muito sensíveis ao sofrimento das famílias, de tal modo que foi tomada a iniciativa de preparar legislação com vista a passar a permitir a realização de autópsias aos fins-de-semana e dias feriados”, conclui.

Sobre este assunto, o CDS já pediu explicações no Parlamento. Numa pergunta dirigida à Ministra da Justiça, os deputados do CDS - Ana Rita Bessa e Telmo Correia - querem saber “quando, e como, será resolvida a situação de falta de médico especialista em Medicina Legal em Mirandela, e se vai ser alocado algum profissional ou vai ser aberto concurso e, em qualquer um dos casos, quando”.

Apesar de o Instituto de Medicina Legal negar atrasos nas autópsias, o assunto já mereceu duras críticas por parte das estruturas locais dos partidos políticos. "Que os responsáveis se lembrem que este distrito, apesar de só ter 110 mil eleitores, tem cá muita gente, que precisa efectivamente de ser protegida", disse José Mesquita, do CDS. "Eu sei que esta situação tem vindo a ser recorrente. Sei que têm sido feitos todos os tipos de diligências para resolver esta situação mas isto não é fácil. É uma situação muito grave e tem obrigatoriamente que ser resolvida", explicou Rui Pacheco, do PS. "Estes garrotes admnistrativos que, muitas vezes, são feitos ao interior agora nem permitem que o luto seja feito convenientemente. Não se olha para os sentimentos das famílias. São critérios meramente económicos porque aquilo que estão a fazer, por parte do Instituto de Medicina Legal, é esperar que haja várias pessoas para poderem ser autopsiadas, para mandarem um médico", sublinhou Luís Pereira do PSD. "Não faz sentido ter uma pessoa que faleceu e estar à espera que se reunam mais quatro ou cinco para um médico venha realizar as autópsias", afirmou Jorge Humberto, do PCP.

Os quatro partidos políticos com assento na Assembleia Municipal de Mirandela a manifestarem a sua indignação com a alegada demora na realização das autópsias em Mirandela, apesar de o Instituto de Medicina Legal garantir que isso não tem acontecido.

Escrito por Terra Quente (CIR)