Homossexuais queixam-se de mais discriminação no interior

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Sex, 29/01/2010 - 09:23


Numa altura em que a homossexualidade saltou para a ordem do dia com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em Bragança discute-se a discriminação a que os homossexuais estão sujeitos. Num seminário dedicado ao tema, organizado alunos curso de Educação Social do Instituto Politécnico de Bragança, houve mesmo relatos de violência.  

Em pleno século XXI, ainda há pessoas a serem despedidas e maltratadas em função da sua orientação sexual.

E o caso é ainda mais grave no interior do país.

A denúncia parte de António Manuel, um escritor transmontano e homossexual assumido.

“Aqui no interior, falar de homossexualidade é como discriminá-lo e as pessoas devem saber enfrentar estes preconceitos da sociedade” refere. “Eu próprio já sofri algumas discriminações” confessa.

 

No entanto, António Manuel diz que há outras pessoas que não tiveram a mesma sorte.

“Há instituições que ao saber que um determinado funcionário é homossexual colocam-no de lado e sofre represálias havendo até casos de pancadaria” denuncia.

Por isso, dá conta de algum receio que se instalou entre a comunidade gay, o que leva muitos homossexuais a esconderem-se atrás da máscara do casamento tradicional.

“Há homens que deixam as mulheres em casa e vão ter com o companheiro porque entendem que ele lhe dá mais amor e atenção” explica.

 

António Manuel defende o casamento gay e a adopção de crianças por parte de casais homossexuais.

No entanto, diz que a sociedade portuguesa não está preparada para esse passo, mas não compreende por quê.

É que, assegura, a homossexualidade não é uma doença, nem um pecado.

Por isso, defende a necessidade de um debate, sobretudo nas aldeias. “Tem de haver mais abertura, comunicação através de debates no meio rural” sugere.

António Manuel lamenta ainda a ausência de um movimento associativo da comunidade gay da região transmontana.

 

A falta de força associativa na região é precisamente um dos problemas apontados por Telmo Fernandes, da Rede Ex-Aequo, uma associação de jovens gays, lésbicas, bissexuais, transgéneros e simpatizantes, um dos oradores do seminário organizado pelos alunos do IPB.

“Há muitos jovens que se sentem isolados, não têm com quem falar sobre a sua situação e isso seria mais urgentes nestas zonas onde, de facto, não há tantos grupos organizados e onde os valores são mais tradicionais e que contrariam esta diversidade” refere.

 

Já os estudantes consideram-se de mente aberta. “Isto dá-nos a conhecer novas ideias e novas mentalidades” considera Ricardo Pinto, mas Emanuela Pacheco entende que isso “depende muito da base de educação que se tem em casa”.

Depois deste debate realizado no IPJ de Bragança, segue-se um outro, em Fevereiro, no IPB.

Escrito por Brigantia