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Falta de professores deixa muitos alunos do distrito sem aulas

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Sex, 30/09/2022 - 10:17


A falta de professores está a deixar alunos de vários cantos do distrito sem aulas. No arranque do novo ano lectivo, os agrupamentos de escolas do distrito estão a ter dificuldades em substituir professores que estão de baixa. A alteração à lei de mobilidade por doença é a principal causa da falta de professores.

O ano lectivo já começou, mas nem por isso estão resolvidos todos os problemas para que os alunos estejam a ter aulas em pleno. No agrupamento de escolas de Freixo de Espada à Cinta, que tem este ano 235 alunos matriculados, há seis professores de baixa médica. Os alunos de Música e TIC estão mesmo sem aulas. A directora, Albertina Parra, admite que é “muito difícil” contratar professores para substituir.

“Se os professores que estão de baixa, depois de regressarem à escola, voltarem a pôr baixa e se for necessário abrir novo concurso será complicado. Se esse professor se apresenta e depois passado algum tempo volta a pôr atestado médico, aí sim vai ser caótico, porque se isso acontecer vai obrigar a pôr novamente o horário em concurso e virá outro professor e é muito complicado”, disse.

No agrupamento de escolas de Vinhais há dois professores de História com baixa médica, um do 2º ciclo e outro do ensino secundário. O concurso já foi aberto duas vezes, sem sucesso, e vai ser aberto uma terceira, explica o director, Rui Correia:

“Os concursos nunca ficaram vazios, os professores é que não aceitaram o lugar. Está a ser muito difícil arranjar professores de História e, por isso, os alunos estão sem aulas, embora se mantenham na escola a ter outro tipo de acompanhamento”, referiu.

A alteração do regime de mobilidade por doença fez os agrupamentos perder muitos professores. Limitar a colocação dos docentes à capacidade de acolhimento das escolas e tornar obrigatória a componente lectiva estão entre os novos critérios do regime. Só o Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, em Bragança, perdeu 150 professores, de acordo com o presidente da Comissão Administrativa Provisória, Carlos Fernandes:

"Tínhamos vários professores colocados por mobilidade por doença. Estamos a falar de uma redução de cerca de 150 professores. Já estávamos avisados do que iria acontecer, mas a nossa expectativa era que a situação não se precipitasse de forma tão rápida. Não esperávamos que a situação fosse assim tão dramática, sendo que, com isto, as maiores dificuldades que estamos a ter é no ensino pré-escolar e no primeiro ciclo", esclareceu Carlos Fernandes.

É no agrupamento de escolas de Mirandela, o maior do distrito, que há mais baixa de professores, 16 de acordo com o Sindicato dos Professores do Norte. Vários docentes não conseguiram ser colocados perto da sua área de residência e, por isso, estão a recorrer a baixas. A dirigente Ana Paula Tomé diz que há professores da região, com alguma idade, que foram colocados longe de casa.

“Há professores da região, com alguma idade, cerca de 60 anos, que foram colocados em Cinfães, Tabuaço, São João da Pesqueira, Tarouca. É impensável as pessoas percorrerem estes quilómetros diariamente, porque não há saúde que o permita, nem salário, nem as pessoas podem com esta faixa etária estarem a iniciar uma carreira, deixar as suas famílias e encontrar casa próxima da escola e estar anualmente nesta situação”, afirmou Ana Paula Tomé.

Para a dirigente do Sindicato dos Professores do Norte, o problema não é só a colocação distante de casa, mas também as condições de trabalho e os salários.

Constrangimentos que os agrupamentos de escolas estão atravessar no arranque do novo ano lectivo. O Sindicato dos Professores do Norte fala de problemas causados pela alteração do quadro de zona pedagógica, do abandono da carreira e da alteração da lei de mobilidade por doença. Escrito por Brigantia.