Qua, 15/10/2025 - 16:52
Os enfermeiros da Unidade local de Saúde do Nordeste concentraram-se, ontem, em frente ao hospital de Bragança para reclamar a progressão das carreiras.
Segundo Alfredo Gomes, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses, ainda há cerca de 40 enfermeiros nesta ULS a exercer nas respetivas especialidades sem receberem o devido reconhecimento. “Desde 2019 que andamos aqui nesta circunstância, especificamente em Bragança, e que tem a ver com cerca de 40 enfermeiros que, na altura da alteração da carreira de enfermagem, não transitaram automaticamente para a categoria, apesar de terem o título atribuído pela Ordem dos Enfermeiros. E não transitaram porque esta ULS não tratou do assunto como outras. Neste momento, aqui na ULS Nordeste é, talvez, dos sítios onde temos mais especialistas que desde 2019 não transitaram”, explicou.
As reclamações estendem-se ainda à igualdade de direitos e incentivos para os enfermeiros da especialidade psiquiátrica.
Cláudio Barros é enfermeiro há 29 anos e é um dos profissionais que exerce na sua especialidade mas nunca lhe foi reconhecida. Apesar das várias reuniões com a administração, nada mudou. “Estava tudo pronto para ser reconhecido, mas de um momento para o outro essa lista deixou de existir e foi reconfigurada e nós deixamos de estar como enfermeiros especialistas. Não entendemos isso. Passado uns meses, de sermos retirados dessas vagas, foram readmitidos para essa lista 17 enfermeiros, só de uma especialidade. Sentimos injustiça duplamente, saímos de uma lista e não fomos reagrupados ou recondicionados noutra. Estamos a tentar, neste momento, junto do Conselho de Administração, para tentar equilibrar esta injustiça”, referiu.
Para a dirigente sindical e enfermeira médico-cirúrgica, Elisabete Barreira, não restam dúvidas, não existe “vontade política” para que esta situação seja “contornada”. “Se eu estou com um colega que tem a mesma especialidade do que eu, a fazer o mesmo trabalho que eu no bloco operatório, a dedicar-se da mesma maneira e a prestar cuidados especializados, porquê que não o reconheceram? Porquê que guardaram as vagas? Porquê que as deixaram perder? É isso que não conseguimos perceber. Neste momento, estamos a falar de vontade política, eu acho que isto é estar a embirrar com alguma coisa que pode ser facilmente contornada”, frisou.
O sindicato alerta que esta situação está a travar a progressão na carreira e já representa uma perda mínima de 150 euros por mês no ordenado base destes profissionais, desde 2019. Alfredo Gomes apelou ainda à assinatura de um abaixo-assinado contra a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho do Ministério da Saúde e para a próxima sexta-feira está marcada uma greve em frente ao ministério.
Escrito por Brigantia.