Curso de treinadores arranca com críticas ao novo modelo

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Qui, 06/02/2014 - 13:32


O vice-presidente da Associação Nacional de Treinadores mostra-se reticente em relação às alterações feitas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) nos cursos de treinadores de futebol que reabriram este ano.

António Oliveira esteve, ontem, no arranque do curso de níveis I e II em Bragança e realça a antiga escola que formou treinadores como José Mourinho ou André Vilas Boas. “Nós estamos no terreno e conhecemos o terreno. Nós tínhamos a melhor escola do mundo. Porquê altera-la?”
Entre as alterações ao curso está o aumento do número de horas da componente teórica e de estágio. O nível I tem 43 horas para a parte geral, 100 horas para a parte específica e um estágio de um ano. Antes eram 100 horas e oito dias de estágio.
Quanto ao nível II conta com 63 horas de geral, 130 de específica e um ano de estágio.
Este ano os candidatos ao nível II têm que ter o 12º ano de escolaridade. Para António Oliveira é um entrave aos treinadores que querem fazer este nível. “A grande dificuldade é a obrigatoriedade de ter o 12º ano. Sentimos que há muitos colegas na carreira que já têm o primeiro ou segundo grau e que se não tiverem o 12º ano não podem progredir. Também sabemos que há jogadores de futebol que querem começar agora uma carreira como treinadores mas depois vão ter dificuldades para passar para o nível II porque não têm o 12º ano”.
Arnaldo Cunha, director da formação da Federação Portuguesa de Futebol, considera que as alterações deviam ter sido feitas de forma gradual e refere que o Estado não consultou a federação para fazer estas alterações. “O Estado decidiu alterar sem ouvir as federações. Decidiu alterar por entender, pois tem legitimidade para o fazer, que está formação traria mais qualidade. Eu tenho algumas reticências em relação a esses aspectos. Mas o Estado colocou um conjunto de normas que nós aceitamos mas mantendo a base que tínhamos”.
O curso de treinadores níveis I e II promovido pela A.F.Bragança arrancou ontem com 24 candidatos no nível I e 20 no nível II. Óscar Guerra, coordenador do curso, refere que o número ficou aquém das expectativas em relação aos candidatos do distrito de Bragança. Ainda assim é das poucas associações que conseguiu abrir o curso. “Espera sinceramente mais inscrições do nosso distrito já que no anterior curso tivemos 38 no nível I. Mas, eu também entendo as dificuldades das pessoas”.
São 44 os candidatos a treinadores de futebol divididos pelo nível I e II oriundos de Santo Tirso, Braga, Porto, Chaves, Bragança e Mirandela.

Escrito por Brigantia