Seg, 29/09/2025 - 10:52
O estado do Rio Fervença foi um dos temas centrais no debate entre os candidatos ao município de Bragança promovido pela Rádio Brigantia e pelo Jornal Nordeste. A pergunta, lançada também pelos ouvintes nas redes sociais, procurou respostas concretas dos candidatos sobre como devolver vida ao rio e salvá-lo da baixa de caudal e poluição orgânica.
Fernando Afonso, candidato pelo CHEGA mostrou-se resignado com a complexidade do problema. “A crítica que há bocadinho foi feita, acerca da questão do próprio IPB eventualmente ter alguma influência, aqui alguém que queira ser demagogo, eu pessoalmente não.”
Já Nuno Fernandes da Iniciativa Liberal apontou para soluções técnicas e defendeu uma intervenção de engenharia para devolver o caudal ao Fervença. “Obviamente alguma coisa tem que se fazer. Aquilo que nos parece é que há problemas com as ETAR a montante que acabam por desaguar o rio. Há problemas principalmente de caudal do rio. É preciso pôr água a circular, é preciso rearborizar o rio, é preciso tirar aquele granito e fazer daquele rio um rio natural. Agora, é preciso estreitar as margens. É preciso ter lá sombras e é preciso que aquilo seja vivível pelas pessoas”
O presidente da Câmara e candidato do PSD, Paulo Xavier, reconheceu o estado crítico do rio, apontando limitações naturais e acrescentando que foi encomendado um novo estudo técnico. “Os IPB com investigadores chegaram a poucos resultados. O Ciência Viva tem feito também alguns estudos, não chegou a resultado nenhum. Mas nós neste momento temos um projeto em mão para ver o que é que se pode fazer. Por isso mandamos fazer agora um estudo para percebermos aquilo que poderemos melhorar. Mas há uma coisa que é importante. É que o rio Fervença não tem água e se quiserem que amanhã se feche o bombeamento, ficamos com um fio de água”
Isabel Ferreira centrou-se na necessidade de intervenções sustentadas no rio para travar a proliferação de algas. A candidata pelo PS acusou ainda a autarquia de falta de autonomia para avançar com projetos estruturantes e referiu que o problema do Rio Fervença não se prenda apenas na quantidade de água, mas sim na qualidade. “Todos vemos descargas de esgotos a céu aberto para o rio Fervença. Portanto, a primeira coisa que tem que ser corrigida é essa. Segundo, toda a envolvente do rio Fervença, precisa de reparação urgente. Depois, é preciso fazer uma intervenção ao longo de todo o corredor verde que acompanha o rio e, como sabe, é elegível com fundos comunitários e pode ser feito. O que é que se passa no rio chama-se eutrofização. Isso faz crescer todas as algas e plantas aquáticas que vemos. Aquilo que tem que se fazer é uma intervenção a sério com base nos estudos da investigação científica dos projetos que já foram concluídos”
Já o candidato pela CDU, António Morais, apelou à valorização das margens e comunidades locais e alertou ainda para a possibilidade de criar minibarragens sazonais. “Ter em atenção que há elementos naturais aos quais não é fácil dar a volta e uma delas é a falta de água. Agora, pode-se minimizar. O que me parece, no imediato, que é despoluir, fazer arranjos e de manutenção dos equipamentos existentes, continuar o corredor pedonal. Uma das coisas que está provado, sobretudo no verão, e que é motivo da atratividade, fazer mini barragens”
Para Manuel Vitorino, candidato independente, a Escola Agrária é, em grande parte, responsável pela poluição do rio. “Do lado da Escola Agrária, do lado nascente do rio, a água é limpa, translúcida, do outro lado a água é suja, repleta de algas. É necessário que a escola agrária se adapte e já tentaram fazer isso”.
Os candidatos à Câmara de Bragança mostraram consenso num ponto, o Rio Fervença exige uma intervenção urgente, estruturada, científica e integrada. Outros temas em destaque no debate foram o aeroporto, a reativação da linha ferroviária, o futuro do mercado municipal e a fixação dos jovens. O frente a frente entre os candidatos a Bragança decorreu sexta-feira e marcou o encerramento de uma série de 12 debates promovidos pela Rádio Brigantia e Jornal Nordeste.
Escrito por Brigantia.
