Qui, 26/06/2025 - 08:10
É em barracas de chapa, feitas com o que há à mão, sobretudo com pedaços de um mundo que os vai esquecendo, que vive a comunidade cigana instalada na aldeia de Penhas Juntas, no concelho de Vinhais.
No bairro, de ruas estreitas, desenhadas pelo passo das crianças e pelo vai e vem dos mais velhos, falta quase tudo. Faltavam até casas de banho, que agora chegaram pela mão da Cruz Vermelha.
Maria Santos tem 35 anos. Casou na Formiga e por ali ficou mas há muita coisa que falta… “Estou numa roulotte e tenho uma barraca à frente. Vivo lá com três filhos, tenho quatro, mas a mais velha já não vive aqui. Não tenho casa de banho. Era complicado”, disse, salientando que os banhos, até aqui, eram tomados em bacias.
Mónica Santos, de 33 anos, também casou onde assume que gosta de viver, na Formiga. Os balneários trouxeram um conforto que não tem explicação mas era preciso construir casas de verdade. “Tenho um barraquito de chapa. Fazia falta uma casa. Não tenho casa de banho. Isto era uma necessidade grande”.
Sandrina Reis, que casou aos 19 anos, em Penhas Juntas, também vive numa barraca mas tem casa de banho, ao contrário destas vizinhas. Ainda assim, esta empreitada veio facilitar a vida. “Às vezes vamos lá, fazer as nossas necessidades, quando a nossa está ocupada. Também vamos lá lavar a roupa”.
No bairro pouquíssimas casas são de pedra ou tijolo. Não passam de duas ou três e a de Celeste Carvalho é uma delas. Gostava era que todos tivessem as mesmas condições. “Era bom para todos e espero que isso seja possível brevemente”.
Os balneários foram criados no âmbito do projeto “Formiga de Asa”. A Cruz Vermelha de Vinhais foi a entidade promotora e, segundo Patrícia Canteiro, vice-presidente da delegação, o projeto contemplou ainda ações de sensibilização “para a aquisição de hábitos de higiene, de motivação para a educação e frequência escolar, e ainda a limpeza do próprio espaço”. Para isso, o projeto contou com “a ajuda de uma psicologia, que ia diariamente ao acampamento acompanhar as famílias”.
António Reis, presidente da Junta de Freguesia de Penhas Juntas, tem esperança que, brevemente, haja habitação condigna para estas pessoas. Em andamento está já uma candidatura ao programa 1º Direito. “Temos um projeto para tentar fazer casas. É muito necessário porque vivem aqui muitas crianças. Temos 15 casas para construir ou requalificar”.
Os balneários custaram 50 mil euros, valor financiado pelo programa Bairros Saudáveis.
A entidade promotora foi a Cruz Vermelha de Vinhais, que contou com a parceria da junta de freguesia e da câmara e o apoio da Unidade Local de Saúde do Nordeste.
Escrito por Brigantia