Produtores de cereja preocupados com quebras na produção devido à chuva

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Qua, 14/05/2025 - 09:52


O mau tempo na região tem afetado a produção de cereja, destruindo algumas colheitas e deixando marcas na qualidade do fruto

Os produtores de cereja da região anteveem uma campanha marcada por quebras e a qualidade do fruto a ser afetada pela chuva. Nesta altura, os agricultores já deveriam estar a colher a primeira cereja, mas o mau tempo atrasou a campanha cerca de duas semanas.

Ainda é cedo para fazer prognósticos, mas uma coisa é certa, a chuva já está a fazer estragos. À medida que a cereja vai ficando “na cor de palha”, também vai ficando rachada pela água. “Alguma, aquela com cor de palha, já está a rachar e o maior veneno para a cereja é a chuva. Por exemplo, se vier um dia ou dois de chuva, passados dois ou três dias a cereja racha toda e apodrece”. “Quebra, muita, muita quebra. O tempo não ajudou, com muita água e muito frio. Vai haver muito menos que ano passado”. “Se não parar de chover vai ser difícil, porque continua a estragar o fruto. A cereja não quer água, se continuar assim, a produção vai ser muito má”, são algumas declarações de produtores da região.

As oscilações de temperaturas também levaram ao desenvolvimento de uma praga. Os agricultores veem-se obrigados a fazer tratamentos, o que encarece a produção, adianta Paulo Pires, da Associação da Cereja de Lamas, uma das aldeias com grande produção do fruto na região. “Diferenças de temperaturas significativas, em curtos espaços de tempo, e muita humidade fazem com que se desenvolvam determinadas pragas que não seriam expectáveis. Temos estado a fazer tratamentos, sobretudo à base de cálcio. Para já ainda não provocou grandes quebras, porque temos conseguimos combatê-la eficazmente. No entanto, como é óbvio, isso encarece todo o desenvolvimento do fruto”, frisou.

Gil Ginja, um dos diretores da Cooperativa de Alfândega da Fé, esclarece que a primeira apanha da cereja não é animadora mas ainda é cedo para fazer estimativas sobre as quebras. “A cereja está do pior este ano, não está nada bom. O tempo tem andado mal e a floração tem-se passado mal. A de cedo ainda está mais ou menos, mas as próximas ainda não sei como estarão. As últimas chuvas e as geadas que houve no mês de março perturbaram a floração da cereja”, sublinhou.

Em 2018 foi submetida uma candidatura para tornar a cereja de Alfândega da Fé um produto com Indicação Geográfica Protegida. O processo está demorado mas o presidente pensa que o desfecho está para breve. “Já começou há um par de anos, temos tido aqui alguns atrasos, por diversas razões, ou por questões internas da cooperativa, ou devido à alteração da legislação em vigor, que já sofreu várias alterações. Temos que recomeçar muitas vezes o processo, mas creio que agora está mesmo numa fase final e devemos ter novidades em breve”, vincou.

Os últimos anos têm sido pouco felizes para a cultura da cereja, que tem sofrido quebras de produção significativas, devido às chuvas e geadas, bem como grandes oscilações de temperaturas.

Nesta altura do mês, as cerejeiras já tinham cor e já se começava a recrutar pessoal para apanhar um fruto que é bastante apreciado nesta época. Mas muda-se o tempo, ou melhor, a meteorologia, muda-se a produção.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais/ Carina Alves