Troca de helicóptero do INEM de Macedo de Cavaleiros acrescenta quase mais uma hora a alguns transportes urgentes

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Qui, 11/01/2024 - 08:20


A troca do helicóptero do INEM sediado em Macedo de Cavaleiros faz com que o tempo de transporte de doentes entre hospitais demore, em alguns casos, mais 50 minutos

Para o presidente do Sindicato dos Profissionais da Aviação Civil, Tiago Lopes, isto é “brincar com a saúde da população”, e pode resultar em mortes. “Estamos a falar de uma situação onde a população corre o risco de não ser socorrida devidamente. Por enquanto ainda não aconteceu mas poderá implicar uma morte. E se isso acontecer, pergunto de quem será a responsabilidade, se é do presidente do INEM, do presidente da Avincis ou do ministro. Alguém vai ter de assumir essa responsabilidade porque nós já alertámos para isso e não há a desculpa de que não sabiam. Estamos a brincar com o segurança da população, tudo com o dinheiro do Estado.

Uma transferência, neste momento, entre Bragança e o Porto demora mais 50 minutos do que o habitual. Se for de Bragança para Vila Real demora mais 40 minutos. Uma entrega em Bragança, após um acidente grave, demora mais 20 minutos. 

Isto também tem impacto na operacionalidade deles porque querem salvar vidas e poderão sentir-se, de certo modo, frustrados, por não o conseguirem devido a esta inoperância dos helicópteros na zona centro e norte do país.”

Isto porque desde o passado dia 1, data em que entrou em vigor o contrato entre o INEM e a Avincis, empresa que detém o contrato de operação dos helicópteros de emergência médica, foi alocado a Macedo o helicóptero que, até então, estava na base Évora, que embora tenha mais autonomia, tem maiores dimensões e não pode aterrar em vários heliportos da sua área de abrangência.

Em Bragança a aterragem tem de ser feita no aeródromo, que dista a cerca de 11km da unidade hospitalar.

Esta transferência aconteceu porque, desde o início do ano, a Avincis resolveu pôr duas das bases do país a trabalhar apenas 12h, ao invés das 24h, que as quatro cumpriam até então.
Isso obriga a que as duas que que fazem serviço em permanência, a de Macedo de Cavaleiros e a de Loulé, fiquem responsáveis pela área não assegurada durante o período noturno, pelos helicópteros das outras bases.

No entanto, a empresa está a receber mais este ano e a prestar um serviço inferior. “Saiu do Conselho de Ministros que iria fazer este ajuste direto por seis milhões de euros porque o concurso foi muito em cima da hora. Mas esse ajuste direto tinha que manter os serviços do contrato atual da altura, que eram quatro helicópteros h24. Agora a empresa recebe os seis milhões, como se estivesse a fazer um serviço a 100%, quando na realidade está a fazer um serviço a 75%. Ganha mais dinheiro e serve menos a população, isto tudo com o erário público.

O presidente do INEM diz que quando abriu o concurso concorreram duas empresas mas quanto à outra que concorreu não sabe qual foi o desfecho, porque se calhar não cumpriria o requisitos.

Eu gostava de perguntar, publicamente, ao presidente do INEM, qual é a outra empresa, quais eram os helicópteros que estavam a operar, qual o preço que faziam e quais eram os serviços que garantiam.”

Para o presidente do sindicato, isto nada mais é que uma retaliação para com os pilotos que reivindicam o cumprimento da lei. “A maioria desses pilotos é dos helicópteros mais pequenos que operavam em Viseu e Macedo de Cavaleiros.

Como retaliação, a empresa, como não quer saber de cumprir o contrato porque não há nenhuma exigência que cumpra, disse que iria mandar os pilotos do 139, que por acaso pertencem aos quadros da estrutura da empresa, não precavendo a segurança da população, com duas justificações. Uma delas é alegar que há falta de pilotos, o que é uma mentira. E a outra, que foi o que disse o presidente do INEM, de que este helicóptero consegue fazer 300 km e o outro só faz 200km. Mas eu quero recordar que para uma operação de 100km, qualquer um serve e o mais pequeno é melhor porque vai aos heliportos que este não vai.”

 80% dos doentes socorridos pelo helicóptero sediado em Macedo de Cavaleiros passam por Bragança e 90% dos transportes que têm como o destino o Porto são para Massarelos, dois dos heliportos onde a atual aeronave não pode aterrar.

No dia 1 de janeiro, um doente não pode ser transportado da Covilhã para Coimbra, por falta de incapacidade do helicóptero aterrar no heliporto daquela unidade hospitalar.

Escrito por Onda Livre (CIR)