Seg, 05/06/2023 - 16:22
Em alguns minutos várias ruas ficaram destruídas e casas alagadas, relata o presidente da junta de freguesia, José Fernandes. "Por volta das 17h veio uma tromba-d’água durante 30 minutos, no máximo.
Meia hora depois veio a segunda tromba-d’água e foi uma desgraça, fez rebentar os arruamentos e houve inundações. Tivemos de ir ao café com uma 4×4 tirar de lá as pessoas. A água na estrada era tão forte que se saíssem eram levadas pela corrente.
Arrastou carros, felizmente não houve feridos mas houve muito prejuízo".
Maria da Conceição é proprietária de um café na aldeia e conta que foi necessário pedir socorro aos bombeiros para resgatar os clientes, inclusive crianças, que se encontravam no interior do estabelecimento, onde a água atingiu 90 centímetros de altura. “Começou a chover, eu, os miúdos e os clientes estávamos na esplanada e entrámos. Foi aí que começou a cair pedra e a trovejar.
Em poucos minutos já estava a entrar água para dentro do café.
Fizemos por tirar daqui os clientes e as crianças, pois a água já ia por cima dos joelhos.
Se os bombeiros não viessem íamos tentar arriscar tirar as crianças, saindo junto à parede, em fila e de mãos dadas.
A estrada parecia o mar.
Ainda estamos a contabilizar os prejuízos, foi uma cheia muito grande e vamos ver no que vai dar. Só quando limpar as máquinas todas é que vamos ver se trabalham ou não, porque eu desliguei tudo.
Durante esta semana não vamos poder abrir o estabelecimento".
Outro habitante, Rui Guerra, conta que não estava em casa na hora da cheia e quando chegou deparou-se com um cenário nunca antes visto. "Os paralelos todos rebentados e a casa toda inundada.
Não tenho memória de algo igual na aldeia.
A calçada vai ter de ser feita toda de novo e há casas que têm máquinas estragadas.
Foi uma catástrofe".
O mau tempo tem afetado, desde a semana passada, algumas aldeias do concelho, tendo até agora a situação registada nos Cortiços sido a mais grave. Na aldeia vizinha, Carrapatas, também houve estragos.
Os prejuízos estão agora a ser contabilizados e para lhes fazer face vai ser pedida ajuda ao Estado, refere Paulo Rogão, vereador do Município de Macedo de Cavaleiros, responsável pela Proteção Civil. A Câmara vai enveredar todos os esforços no sentido de conseguirmos arranjar meios financeiros para podermos voltar a restabelecer a normalidade nesta aldeia.
Ontem a nossa preocupação foi deixar as ruas transitáveis, para que as pessoas levem a sua vida normal, e agora vamos inventariar para, a curto prazo, tentarmos resolver este problema.
Pela experiência que tenho são danos avultados.
Não tive reporte de estragos nas culturas agrícolas, mas certamente que houve porque as águas vieram desses terrenos e foi tanta que deve tê-los destruído.
Se for o caso, também vamos tentar apoios, embora aí não possamos garantir, visto que o que diz respeito a propriedades privadas não é da nossa responsabilidade. Mas a Câmara está disposta para, juntamente com os proprietários, tentar resolver esses problemas".
Os trabalhos de limpeza ainda decorrem nas aldeias de Cortiços e Carrapatas.
O interior norte e centro continua hoje em alerta amarelo devido à previsão de trovoadas frequentes e chuva intensa, que pode vir acompanha de granizo e rajadas de vento fortes, entre o meio-dia e as 21h.
Escrito por Onda Livre (CIR)
FOTO: Onda Livre