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Professores e encarregados de educação saíram à rua em Bragança para protestar

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Seg, 20/03/2023 - 09:06


A chuva e o frio que se fizeram sentir, na sexta-feira, à noite, não impediram os professores de ir para a rua mostrar, novamente, desagrado para com o Ministério da Educação

Professores de vários pontos do distrito reuniram-se na Praça da Sé, em Bragança, numa vigília, para continuar a mostrar que querem ser ouvidos, depois de as várias rondas negociais, com o ministro da Educação, não terem chegado a lado nenhum.

Liliana Garcia é professora de Matemática e Ciências há quase 20 anos. Dá aulas, pela primeira vez, em Mirandela, de onde é natural. Uma vida precária que lamenta que há tanto tempo se prolongue. “Sou contratada desde 2005. Estamos sempre afastados das nossas famílias, temos que ter sempre uma segunda casa. Andamos com a casa às costas constantemente. Infelizmente isto só é um começo. Depois de tantos anos continuamos na mesma ou pior. É o primeiro ano que estou em casa. Já andei pelos Açores, Coimbra, Viseu, Aveiro, Porto, Bragança, Chaves e agora Mirandela. Se não somos ouvidos, temos que continuar. Temos que mostrar, de alguma forma, a nossa indignação”.

Helena Goulão é professora de História. Está efectiva, há cinco anos, em Macedo de Cavaleiros... mas isso não quer dizer nada. “O novo documento dos concursos foi aprovado unilateralmente, sem a concordância dos sindicatos que representam os professores. Ser efectiva ou não… tudo vai depender, é uma roleta. alguém tem problemas de audição. Desde Setembro que andamos nesta luta. A sociedade já nos percebeu. Só os nossos superiores hierárquicos é que parecem não entender o que estamos a dizer. Esta grande união de professores nunca foi vista. Portanto, tem que ser agora”.

Vários encarregados de educação juntaram-se aos professores, mostrando solidariedade. Foi o caso de Gabriela Lomba, que tem cinco filhos em idade escolar, dois deles já no ensino superior. Tem participado em todas as acções de protesto para lutar pela escola pública, que diz que está degradada. “Estamos a assistir a uma degradação total da escola pública, onde os alunos passam administrativamente e não pela qualidade e rigor que é exigido no ensino. Isso preocupa-nos porque queremos que, no futuro, cheguem ao litoral ou a outros países com as mesmas condições que os jovens dos colégios privados ou de escolas públicas de qualidade. “Os pais têm estado solidários mas um bocadinho à parte das manifestações. Estão um bocadinho desagradados com a falta de professores, com as greves, mas que o que a preocupa é que as negociações não vão a bom porto porque se arrisca a arrancar o próximo ano lectivo sem professores para os nossos filhos”.

A vigília foi organizada pela comissão de greve do agrupamento de escolas de Mirandela. Rui Feliciano, que pertence a esta comissão e é dirigente sindical do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação, assume que não vão desistir enquanto não forem ouvidos, sobretudo agora, com os direitos mínimos impostos, que entendem ser inconstitucionais. “Queremos acreditar que o Ministro da Educação, o Primeiro Ministro e, ultimamente, o Presidente da República, perceberam que a escola pública está na rua, com uma manifestação clara de revolta, procurando aquilo que deve ser uma escola de respeito, qualidade e dignidade, onde o futuro dos jovens esteja assegurado. O futuro de um país não pode ficar consubstanciado apenas a pequenas aspectos de ensino e aprendizagem”.

A comissão de greve do agrupamento de escolas de Mirandela contou ainda com a colaboração dos vários sindicatos de professores e até de outras profissões, para dar corpo à vigília de sexta-feira à noite, em Bragança.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves