Primavera chuvosa dita colheita desastrosa: produção de amêndoa cai drasticamente em Trás-os-Montes

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Qua, 22/10/2025 - 09:58


A produção caiu e os preços pouco consolam. Apesar de terem subido, face a 2024, não é suficiente para cobrir o aumento dos custos de produção nem para devolver ânimo aos agricultores.

O excesso de chuva na primavera está a ditar um ano difícil para a amêndoa na região. Bruno Cordeiro, presidente da Cooperativa Agrícola de Produtores de Amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro, diz que a campanha vai ser “ainda pior do que se esperava”. “Como organização de produtores ainda estamos a rececionar ao menos os nossos cooperantes. O que temos vindo a notar é que vai ser menor a produção daquilo que esperávamos e nós já esperávamos uma produção muito reduzida”, disse.

Num ano normal, a cooperativa teria já perto de um milhão de quilos de amêndoa em armazém. Agora, mal chega às 400 toneladas. “Também ainda não terminámos, é um facto, mais de metade dos nossos cooperantes já entregaram a produção. Muitos fizeram a declaração de não produção porque não tinham. E penso que se tudo correr conforme estamos a esperar se chegarmos às 600 toneladas é bom.”

Nos últimos anos, algumas campanhas têm sido marcadas por quebras e preços pouco simpáticos. O resultado está à vista, plantações interrompidas, amendoais ao abandono, e uma travagem brusca nas novas candidaturas ao investimento agrícola. “As pessoas também fazem contas e não estão a fazer as fertilizações adequadas, porque de facto o preço da amêndoa não tem compensado. Se o trato não é o mais adequado ou não é o que elas necessitam, as produções também não podem ser as melhores. Os agricultores fazem contas, os custos de produção estão a aumentar todos os dias, o preço da amêndoa não acompanha esses custos o que leva a que alguns agricultores abandonem”, sublinhou.

A produção caiu e os preços pouco consolam. Apesar de terem subido, face a 2024, não é suficiente para cobrir o aumento dos custos de produção nem para devolver ânimo aos agricultores. “Eu considero que os preços ainda estão baixos, mas relativamente ao passado houve uma subida.”

Em 2024, a diferença entre amêndoa biológica e convencional era mínima, não chegando aos 50 cêntimos. Este ano, há de facto um desvio maior, mas longe de recuperar a margem de outrora, quando a biológica chegou a valer o dobro.

Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Carina Alves