Movimento "Mães de Bragança" serve de caso de estudo a investigador da Universidade de Lisboa

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Qua, 11/05/2016 - 12:22


  O caso das "mães de Bragança" inspirou um livro de sociologia da autoria do investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, José Machado Pais, que tem abordado os temas dos afectos e da sexualidade na sua obra. 

O movimento das “Mães de Bragança”, foi desencadeado por um grupo de mulheres brigantinas que, em 2003, denunciava às autoridades civis e policiais a realidade da prostituição na cidade, com várias casas de alterne e “cafés de subir” em funcionamento e cerca de 100 brasileiras a residir na cidade que, segundo elas, “desencaminhavam os seus maridos”. É a partir deste caso que José Machado Pais desenvolve uma investigação que durou quase 13 anos e que deu origem ao seu mais recente livro. O autor explica porque decidiu estudar a vertente sociológica deste movimento. “Em ciências sociais há uma vasta literatura sobre movimentos sociais, mais ou menos organizados ou espontâneos, mas quase todos eles se inscrevem no domínio das reivindicações políticas. O movimento em causa fugia desse padrão. Então decidi viajar até Bragança para ver in loco o que se passava”, referiu o investigador. “Enredos Sexuais, Tradição e Mudança - As Mães, os Zecas e as Sedutoras de Além-Mar” foi o título escolhido para esta investigação. José Machado Pais acredita que se o caso das mães de Bragança não tivesse acontecido o cenário da prostituição em Bragança seria diferente. “Sem o movimento das mães, as casas de alterne mais afamadas de Bragança poderiam ter sobrevivido”, acredita José machado Pais. O autor considera que o movimento das mães de Bragança é um bom caso de estudo para reflectir sobre a problemática da mudança social. É apresentado na próxima semana em Lisboa e, para já, não tem datas para Bragança mas o autor assume essa possibilidade. Em entrevista ao Jornal Nordeste, esta semana, o autor desvenda algumas das conclusões deste estudo e fala da realidade que encontrou em Bragança. Escrito por Brigantia.