Institutos Politécnicos contestam novas regras de vagas e alertam para agravamento da litoralização

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Qui, 20/11/2025 - 09:10


O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos manifestou total discordância com o aumento até 10% das vagas no Ensino Superior, defendendo que a medida poderá penalizar o Interior e concentrar ainda mais estudantes em Lisboa e Porto, colocando em risco a sustentabilidade das instituições fora dos grandes centros urbanos

O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos está preocupado com algumas normas constantes do despacho orientador de vagas para o Ensino Superior no próximo ano letivo e conselho manifestou total discordância com o número total de vagas fixadas para os concursos nacional e locais, que pode exceder em 10% o número de vagas iniciais do ano anterior. Isto poderá penalizar o Interior, criando condições para concentrar ainda mais o número de vagas nos grandes centros urbanos.

Orlando Rodrigues, presidente do IPB, também reagiu a esta proposta e receia que em 2026 existam ainda menos colocados, como se verificou este ano. “O ministro, até agora, ainda não alterou as regras de acesso, ainda pode alterar, mas se não alterar, sendo que foram mais dificultadas este ano, significa que teremos ainda menos candidatos no próximo ano letivo. E, portanto, teremos mais alunos no Porto e em Lisboa e menos no resto do país”.

Recorde-se que na primeira fase de acesso ao ensino superior, o IPB registou menos 234 candidatos. O presidente desta instituição teme uma crescente litoralização. “O nosso país é assim. Temos uma concentração de pessoas, de meios, de orçamentos e recursos no Porto e em Lisboa, onde as instituições enchem e as outras ficam com menos alunos”.

Orlando Rodrigues aponta aspetos que poderiam ser transformados em soluções para atrair mais alunos para o ensino superior no interior. “Deviam ser criados mecanismos de compensação para estas instituições, através de contratos programa que permitissem melhorar a atratividade das instituições, por via das instalações. Claramente, dever-se-iam criar políticas efetivas de compensação e beneficiação positiva das instituições que estão fora dos grandes centros urbanos e, neste momento, temos o contrário. Isto só pode agravar o fosso e fazer com que haja mais gente nos mesmos sítios”.

Para o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos esta medida “coloca em causa a sustentabilidade das instituições do Interior, contrariando claramente objetivos essenciais e expressos no programa do Governo relativamente à coesão territorial e ao desenvolvimento regional equilibrado”.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Rita Teixeira