Alteração de sistema informático do hospital causa mal-estar em Mirandela

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Sex, 11/03/2011 - 10:54


A administração do Centro Hospitalar do Nordeste substituiu o sistema informático do hospital de Mirandela, comprado há sete anos e que custou cerca de 500 mil euros. A denúncia partiu de um deputado da assembleia municipal de Mirandela.

José Almeida não entende esta decisão da administração, tendo em conta que se trata de uma aplicação inovadora que serve para agilizar todo o processo clínico e que a alteração para o antigo sistema é um claro retrocesso. Uma decisão também contestada por Guedes Marques, administrador do hospital na altura em que o sistema foi instalado.

 

José Almeida, deputado independente da assembleia municipal de Mirandela, eleito na lista do PSD, denunciou, na última reunião daquele órgão autárquico, que a administração do CHNE decidiu acabar com o sistema Alert no hospital de Mirandela, um projecto implementado em 2004 que custou cerca de 500 mil euros, e que possibilitava aos profissionais de saúde o registo digital e visualização, em tempo real, de toda a informação clínica, num processo integrado de todo o percurso dos utentes desde a admissão até à nota de alta.

José Almeida está convencido que esta alteração vai prejudicar os utentes e os profissionais do hospital de Mirandela.

 

“Toda a gente que utiliza o serviço de urgência diz muito bem dele, porque sabe dar indicação de todos os passos que os doentes têm desde que entram na urgência até à sua alta, não sendo necessário andar a dizer às pessoas que precisa de uma análise ou raio x. Não se compreende que, sendo tão bom, que custou mais de meio milhão de euros, se vá acabar com ele”, defende.

 

Com esta decisão, o hospital de Mirandela volta a utilizar o sistema SAM (serviço de apoio ao médico) que, na óptica, de Guedes Marques, administrador do hospital de Mirandela em 2004, quando o sistema Alert foi instalado, é um “retrocesso” no progresso e na inovação daquela unidade de saúde.

 

“O alert está hoje em todo o Mundo. Mas muito mais do que o valor do dinheiro investido, que é significativo, é o investimento feito nas pessoas e na organização. E o SAM já existia nessa altura e estava provado que não resultava, daí que grande número de hospitais tivesse adoptado o Alert”, diz o antigo administrador. 

   

Guedes Marques não tem dúvidas que esta é mais uma decisão que visa provocar nova desmotivação aos profissionais que trabalham no hospital de Mirandela.

 “Todos estes retrocessos significam o decair da motivação dos funcionários.”

O sistema alert custou 500 mil euros e foi o resultado da aprovação da candidatura ao programa Saúde XXI. Adão Silva era na altura secretário de estado e deu aval a esta candidatura. O agora deputado do PSD eleito por Bragança, não quis tecer comentários sobre este assunto, alegando que se trata de um mero procedimento de gestão interna e não de uma decisão política.

No entanto, Adão Silva, espera que a nova unidade local de saúde tenha a preocupação de ter o mesmo sistema informático e de telecomunicações nos três hospitais e nos 15 centros de saúde da nova estrutura. Refira-se que uma pesquisa realizada pelo centro de estudos de gestão da universidade técnica de Lisboa revela que o sistema ALERT reduz até 70% o tempo de espera em hospital e mostrou que os softwares e soluções ALERT permitem vantagem operacional para as unidades de saúde em comparação a outras instituições.

 

A administração do CHNE, apesar de não prestar declarações gravadas sobre o assunto, confirma que esta alteração já aconteceu, no início do mês, referindo, através do gabinete de comunicação, que se trata de uma questão de organização interna com o objectivo de unificar todos os sistemas informáticos dos três hospitais (Bragança, Mirandela e Macedo).

Para além disso, acrescenta que o Alert estava a registar algumas avarias e como a licença da aplicação informática terminava em Março, a administração decidiu não a renovar a passar a aplicar o SAM, serviço de apoio ao médico.

Escrito por CIR