Escritor Filipe Lopes levou poesia aos reclusos de Bragança e Izeda no âmbito do Festival Literário

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Sex, 23/05/2025 - 09:01


O Festival Literário de Bragança chegou, ontem, aos estabelecimentos prisionais da cidade e também de Izeda

Foi com poesia que ontem a imaginação dos reclusos viajou. Bruno Silva foi um dos que não quis perder a sessão porque a escrita e a leitura são a grande ajuda para passar o tempo na prisão. “Escrevo música rap, emocional, desde os meus 16 ou 17 anos. Escrever ajuda a passar o tempo e ajuda a conhecermo-nos. É como se fosse uma autoterapia”, disse.

Uma atividade enriquecedora que ajudou a perceber que há pessoas na rua que têm menos liberdade que os reclusos. “Ajuda-nos a ter outra perspetiva sobre a prisão. Não temos contacto com pessoas de fora, mas quando vêm e nos dão este tipo de visão, que muita gente lá fora está presa a outras coisas, ajuda-nos a pensar que [estar na prisão] não é assim tão mau”, destacou.

A Poesia Não Tem Grades, foi este o projeto que o escritor Filipe Lopes deu a conhecer aos reclusos. O autor leva, há vários anos, a poesia a estabelecimentos prisionais, escolas, bibliotecas, lares e hospitais. O objetivo é oferecer esta arte a toda a gente. “Aquilo que eu faço é fazer a ponte entre pessoas que não sabem que gostam de livros, de poesia, só porque nunca tiveram oportunidade de estar em contacto com eles. No caso das prisões, é ainda mais especial, porque as pessoas, muitas vezes, vêm de situações pessoais, culturais difíceis, com menos acesso à cultura. Às vezes é entrando num sítio como estes, onde não há mais nada, que se consegue descobrir o gosto pela leitura”, contou.

Uma atividade de conforto, sublinhou o diretor do Estabelecimento Prisional de Bragança, Nuno Pires. “Qualquer atividade que se faça dentro de um estabelecimento prisional é sempre um momento para arejar as mentes”, frisou.

Este é já o nono Festival Literário de Bragança que, ontem, chegou aos reclusos de Bragança e de Izeda.

O festival termina amanhã. É promovido pelo município de Bragança, pela Academia de Letras de Trás-os-Montes e pela Editorial Novembro.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves