Vítima de violência doméstica relata caso na primeira pessoa

PUB.

Qua, 25/11/2009 - 10:04


Hoje comemora-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre a Mulher. Desde o início do ano já morreram em Portugal 26 mulheres. O número de pessoas vítimas de violência doméstica que têm pedido apoio aos médicos de família, que depois são encaminhados para as equipas do núcleo de violência doméstica dos centros de saúde, tem vindo a crescer.  

Foi o caso de Adriana, nome fictício, que estava saturada de ter maus-tratos constantes do seu companheiro.

“Agredia-me com encontrões, até me rasgava a roupa, mandava comigo contra as paredes, havia discussões sempre que era contrariado” conta. “Queria que fizesse tudo o que ele queria e ás vezes era obrigada a ceder” acrescenta, salientando que “ele agredia-me sobretudo na parte da cabeça e segurava-me os baços com os joelhos dele porque eu tentava libertar-me”.

 

Depois de sucessivos episódios de discussões e maus-tratos, Adriana tentou a separação, mas o companheiro não suportava a rejeição e então começou a persegui-la por todo o lado.

“Tinha falado com ele para nós nos separarmos, mas ele não aceitava ser rejeitado” relata Adriana. “Seguia-me na rua e até tentava atropelar-me e como eu não consegui fugir metia-me dentro do meu carro e ficava lá horas e horas”.

 

Durante meses e meses Adriana viveu um autêntico calvário, até que arranjou coragem e acabou por chegar à equipa do núcleo de violência doméstica do centro de saúde Nº 1. O resultado não podia ser melhor e decidiu conceder este testemunho para que outras pessoas que passem por situações idênticas tenham a mesma coragem para que o futuro não fique para sempre comprometido.

“É importante para alertar as outras pessoas que estejam na mesma situação, para que elas não tenham medo de falar, que procurem ajuda” refere. “Se têm medo de falar com a polícia que procurem o medido de família” aconselha.

 

Na região estão a aumentar os casos de violência doméstica de filhos sobre os pais.

Em quase três anos de funcionamento, o Núcleo de Apoio à vítima de violência doméstica do Centro de Saúde de Macedo de Cavaleiros já recebeu 18 pedidos de auxílio e vários relacionados com agressões de filhos, sobretudo a mães.

 

Este é também um dos factores que leva a que o número de queixas na GNR seja bastante reduzido.

“No serviço social há uma abertura muito grande mas depois quando se trata se apresentar queixa mostra alguma resistência” refere Mariana Silva, assistente social do Núcleo de Macedo de Cavaleiros, de Apoio à Violência Doméstica. “Muitas das situações é por parte dos filhos e aí a vítima ainda tem mais vergonha”.

Escrito por CIR