Qui, 10/09/2009 - 11:03
Até porque desde 1960 todas as crianças a partir dos sete anos começaram a aprender a ler e a escrever.
No entanto, os distritos de Bragança e Vila Real nem sempre foram os maus exemplos ao longo da história.
Um estudo de Rui Ramos sobre Culturas de Alfabetização e Culturas do Analfabetismo em Portugal, em que os dados remontam ainda ao século XIX (1878), diz que 26,3% por cento dos homens com mais de sete anos, no distrito de Bragança, já sabiam ler e escrever, ultrapassando números como os de Coimbra, a cidade do conhecimento, que se ficava apenas pelos 25 por cento.
Nesta altura, Vila Real levava vantagem: 38,4 por cento dos homens eram alfabetizados.
Dos 18 distritos do país, Bragança tinha apenas à sua frente sete deles e atrás estavam dez, onde havia mais quem não soubesse nem ler, nem escrever.Mas, cem anos mais tarde, o cenário inverte-se e chega assim aos dias de hoje.
Apenas cinco distritos são menos alfabetizados no século XX e já 12 são mais letrados que os brigantinos.
Uma imagem que se repete quando falamos das mulheres, mas com a agravante de que são sempre menos a ler e a escrever do que os homens.
Hoje, os mais velhos continuam a ser a faixa etária mais afectada.
Mal sabem escrever o nome e, apesar de haver agora novas formas de aprender, não o pretendem fazer e dizem que a idade já não compensa.
“Até nem sem, mal o meu nome. Não me deixaram ir à escola”, diz uma idosa, que não mostra “interesse nenhum, no fim da vida”, ir aprender a ler e escrever. “De velha o que é que se encaixava na cabeça? Ainda fui uma noite ou duas mas era só para rir.”
Outros há que sabem ler e escrever e se orgulham disso mesmo. “Tenho a quarta classe bem feita, de garoto. Mas há muita gente que não sabe escrever nem ler. Mas que fossem à escola como eu”, sentencia outro popular.
Mais uma curiosidade histórica, em 1878, o analfabetismo dentro do distrito de Bragança era mais acentuado nos concelhos de Miranda do Douro, Vila Flor e Vinhais.
Escrito por CIR