Número de pessoas a apresentar queixa por violência doméstica continua a aumentar em Bragança

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Qui, 16/05/2024 - 09:59


Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica de Bragança tem recebido mais de 30 pessoas por mês, desde o começo do ano

O número de pessoas a procurar ajuda por serem vítimas de violência doméstica continua a aumentar na região. O Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica  de Bragança, da Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança, recebeu cerca de 70 queixas a mais em 2023, comparando com 2022. Segundo Maria Luís Martins, psicóloga e coordenadora do núcleo, o número continua a subir este ano. “Em média, de Janeiro a Abril, temos atendido cerca de 32 vítimas por mês. Portanto, continuamos perante um aumento do número de situações e sinalizações. Homens há cada vez mais. Como estamos num território rural, temos recebido idosos que são vítimas de muas tratos dos seus filhos. Mesmo assim, em relações conjugais, temos tido um aumento de situações de homens que são vítimas nas suas relações de intimidade”.

Os números foram avançados, ontem, na PSP, num fórum, organizado por uma aluna do IPB, que realizou estágio naquela instituição de segurança.

O Comissário Bruno Machado adianta que também a PSP está a receber mais queixas. Durante a pandemia o número de queixas diminuiu mas está de novo a aumentar. “Em 2023 tivemos, nos vários tipos de crime relacionados com violência doméstica, onde também se inclui violência contra menores, 104 queixas. Em 2022 tivemos 93, em 2021 76 e em 2020 73. 2020, nos últimos seis anos, foi o valor mais baixo que atingimos de notícia deste crime. A justificação é difícil e é um exercício meramente especulativo mas diria que durante a pandemia, por força do confinamento, terá havido menos denúncias, verificou-se isso em quase todo o tipo de crime”.

A Casa Abrigo de Bragança acolhe vítimas de vários pontos do país. Abriu portas há dois anos e já acolheu 88 vítimas adultas e 66 menores. Teresa Fernandes, coordenadora da Casa Abrigo, diz que houve 10 vítimas que voltaram para as suas relações abusivas, algumas por causa do longo tempo de espera do processo judicial. Mas este não é o maior problema. “Questões laborais, de inserção profissional, que é dificultada em meios pequenos, questões habitacionais, rendas, escassez de casas, são tudo circunstâncias e problemáticas. E isto associa-se ainda a processos de legalização que estão pendentes, que não existem, temos manifestações de interesse que estão pendentes de análise, temos renovações de vistos de residência que impedem as mulheres vítimas de violência doméstica migrantes de poder aceder a apoios que estão previstos no estatuto de vítima mas que, por não terem a sua situação regular no país, não podem”.

A PSP apela a que as vítimas não se calem e lembra que este é um crime público, que qualquer pessoa deve e pode denunciar.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves