Ter, 16/11/2010 - 15:49
É património recolhido ao longo de três anos em Tabuaço, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, pelo investigador da UTAD, Alexandre Parafita.Flora Teixeira reside em Pombal de Ansiães, tem 80 anos e recorda uma das lendas que se contavam na sua terra:“O lobisomem, tinha o fado de sair de casa à meia-noite, transformado em cavalo e tinha de correr sete pias, sete freguesias com pias batismais. A mulher sabia-lhe do fado. Um dia pediu a um vizinho que quando visse passar o cavalo o espetasse. Ele assim fez e o cavalo transformou-se em homem outra vez.”
Para a além das lendas, Flora Teixeira transmitiu também ao trabalho de Alexandre Parafita algumas mezinhas, como esta que agora explica:
“Havia uma planta, se partisse um galho deitava leite, por isso chamavam-lhe maleitas. Quando uma pessoa pegava num bocado de pão, num bocado de água, chegava à planta e punha lá e dizia: aqui tens pão para comer, água para beber e as minhas maleitas para tremer. E as pessoas lá acabavam por curar, porque também não duravam toda a vida”, ri-se.
Aos 80 anos, Flora Teixeira reconhece que os tempos estão a mudar e que os jovens de hoje pouco ligar a estas histórias, ao invés do que acontecia antigamente:
“Nessa altura toda a gente acreditava porque parte das pessoas eram analfabetas mas eram muito crentes. Embora fossem tementes a Deus, criam em bruxas e assim.”
A octogenária reconhece a importância da preservação deste património, sob pena de ser perderem para sempre.
O livro onde ficarão perpetuadas 250 lendas e 166 contos populares em risco de extinção vai ser lançado no dia 26 deste mês, no Museu do Douro, durante o Fórum do Património Imaterial do Douro.
Escrito por CIR
