Escola pode ser arma para ciganos lutarem contra exclusão social

PUB.

Qui, 19/11/2009 - 11:06


  Cativar as crianças ciganas para a escola não é uma tarefa fácil, mas no país têm sido desenvolvidos alguns estudos que mostram que é possível, embora sob determinadas condições.

Roque Amaro, responsável de uma das unidades do país que lutam contra a exclusão social, diz que a aversão dos ciganos à escola tem raízes profundas na história, mas pode ser alterada.

Roque Amaro adianta que é possível ter crianças ciganas na escola, felizes e com boas relações com os colegas e professores.

Mas para que isso aconteça, primeiro tem de se compreender a sua cultura, já que muitas das comunidades ciganas, em Portugal, ainda vivem como há 500 anos.

“Não os compreendemos. Temos ideias feitas: o cigano é sujo, é mau, quer enganar-nos. E se partirmos daí, está tudo estragado.”

Em segundo lugar, é preciso levar a cultura cigana para dentro da escola.

“Falar disso às outras crianças. Os professores aprenderem o que é a cultura cigana, o que é a sua gastronomia, as suas festas. Por exemplo, a comunidade cigana tem um sentido individualista que nós perdemos.”

E ainda preciso explicar bem aos ciganos, porque razão é tão importante ir à escola.

“Os ciganos sentem que é inútil, que perdem as suas tradições. Por exemplo, uma criança habituada ao ar livre estar sentada uma manhã inteira na cadeira é uma violência.”

Daí que Roque Amaro valorize a existência de mediadores ciganos, que façam a ponte entre as comunidades desta etnia e o resto da sociedade.

Uma responsabilidade que deve caber às entidades locais, que devem, sobretudo, ter paciência e persistência.

Escrito por CIR