Empresa de transportes acusa câmara de Bragança de concorrência desleal

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Qua, 09/12/2009 - 09:29


As câmaras fazem concorrência desleal às empresas de transporte de passageiros. A acusação é do vice-presidente da Associação Rodoviária de Transportes Pesados de Passageiros, Jerónimo Alves, proprietário de uma empresa rodoviária em Bragança.  

“Há muitas câmaras que possuem autocarros, bem como as juntas de freguesia, e que fazem concorrência directa ou indirecta às empresas privadas.”

Jerónimo Alves diz mesmo que a câmara de Bragança utiliza o Sistema de Transportes Urbanos de Bragança para fazer concorrência às empresas privadas, já que faz preços mais baixos por ser financiada com dinheiros públicos.

“A Inter2000 está a fazer algumas carreiras eventuais aos dias de feira para Bragança, mas também vai o STUB. Como o preço é mais barato, as pessoas aguardam pelo STUB. Não há necessidade que um traga 14 ou 15 e outro, seis ou sete. Se a câmara quiser continuar a ir, nós não vamos mais.”

Rui Caseiro, vice-presidente da câmara de Bragança, refuta essa acusação.

“Não fazemos. Temos linhas urbanas atribuídas à Câmara que são feitas em localidades em que mais nenhum transporte urbano de passageiros o fazia. E vamos a algumas aldeias a meio da manhã e a meio da tarde a aldeias onde os privados não vão.”

Recorde-se que a polémica com o transporte rodoviário de passageiros foi espoletada no final da última semana, em que a empresa de Jerónimo Alves foi acusada por alguns pais da aldeia de Sortes, em Bragança, de deixar cerca de 15 alunos ao frio por se recusar a antecipar o horário do final do dia em dez minutos.

Ora, o empresário brigantino revela agora que há mais circuitos em que os passageiros são deixados em paragens sem condições e que há vários anos vem alertando as entidades responsáveis para o problema, nomeadamente a câmara de Bragança e o Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres.

“Tenho processos com as reclamações que fiz, com as petições que fiz para seguir directo com as carreiras, como na dos Pereiros e Rebordaínhos, que é outra vergonha. Temos de descarregar ao frio e à chuva, à beira da estrada. Dizem que a lei é assim e não podem fazer nada. Cheguei a dizer aos responsáveis do IMTT em Lisboa e no Porto que dizem isso porque não são os filhos deles que são descarregados ao frio, à chuva e à neve.”

Já o vice-presidente da câmara de Bragança desvaloriza a questão e diz que será pedido ao empresário um esforço para resolver o problema dos alunos de Sortes.

“Sempre que há ligações, temos de entender que não podem ser no mesmo momento. Uma pode atrasar. Mas se houver entendimento com a empresa que faz o segundo circuito em Sortes, penso que a situação será ultrapassada.”

 Rui Caseiro garantiu ainda que será feito um pedido à Estradas de Portugal para melhorar o abrigo da paragem do cruzamento de Sortes.

Escrito por Brigantia