Câmara de Alfândega com dívidas de quase 20 milhões de euros e salários em risco

PUB.

Seg, 02/11/2009 - 12:06


A situação é pior do que o esperado. Foi isso que revelou Berta Nunes na cerimónia de tomada de posse como presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, no último sábado.  

A dívida da autarquia ascende aos 17 milhões de euros mas poderá chegar perto dos 20 milhões, quando tiver de assumir também a dívida das empresas municipais, que ascende aos dois milhões de euros.

 Já se sabia que as contas da autarquia não eram famosas mas já deu para encontrar surpresas desagradáveis.

“Também fomos confrontados com mais de dois milhões de euros de despesas que não estavam cabimentadas. Eram facturas que estavam num caixote e ainda nem estavam contabilizadas para a dívida da câmara. É necessário fazer uma revisão ao orçamento, porque não há dinheiro para pagar as facturas.”

 Por isso, ficou já marcada para o próximo sábado uma Assembleia Municipal extraordinária para discutir um orçamento rectificativo.

Até porque até ao final de 2009, as receitas são poucas e as despesas são muitas, podendo estar em causa os salários dos funcionários municipais.

 

Segundo Berta Nunes, a culpa é do seu antecessor, João Carlos Figueiredo, que antecipou o pagamento mensal do Estado relativo a Dezembro, na ordem dos 500 mil euros, tendo gasto já todo o dinheiro.

 

“O anterior presidente da câmara fez um despacho, que não cumpriu, para que todos os meses se pusessem de lado cem mil euros para, chegados a Dezembro, tivéssemos lá os quatrocentos e tal mil euros necessários para os vencimentos encargos obrigatórios, como pagamentos à banca. Mas fez o despacho e não o cumpriu. Continuou a fazer pagamentos utilizando esse dinheiro. Nesta altura termos já 300 mil euros para pagar os salários mas não vamos poder pagar encargos obrigatórios para encargos e juros.”

 

Garantindo não estar arrependida por se ter candidatado, até porque confessa que era preciso por um travão à sangria das contas públicas a que se vinha assistindo, Berta Nunes explica o porquê destas revelações.

 

“Não significa que tenha deitado a toalha ao chão. Vamos trabalhar para resolver os problemas. Mas é importante que fique bem claro a incompetência, a irresponsabilidade, a má gestão… nem sei que termos aplicar, de uma câmara que em oito anos desbaratou toda a credibilidade que existia.”

 

Berta Nunes garante, por isso, que a primeira prioridade é resolver a questão das finanças da autarquia, para depois poder relançar a economia local e criar emprego. E até aponta algumas soluções.

 

“Há também algumas candidaturas feitas ao QREN. Uma delas tem a ver com a reabilitação urbana. Vamos ver se conseguimos incluir algumas destas situações. Mas vamos trabalhar para resolver os problemas e investir.”

 

As contas da autarquia de Alfândega completamente no vermelho. Berta Nunes acusa ainda o seu antecessor de ter encomendado algumas estátuas ao mestre José Rodrigues pouco antes das eleições como um exemplo flagrante de despesismo.  

Escrito por Brigantia