Barragem do Tua começou a encher em fase experimental

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Qua, 22/06/2016 - 11:01


A barragem de Foz Tua está realmente a encher, naquilo que será uma fase experimental do processo. A EDP ainda não clarificou qual é o ponto da situação da barragem, mas os movimentos e associações contra a construção do empreendimento hidroeléctrico têm denunciado o encerramento de comportas e início do processo que consideram “a morte lenta do Vale do Tua”.

Ontem foi apresentado o Programa de Empreendedorismo Vale do Tua 2016, em Vilas Boas, no concelho de vila Flor. Uma das contrapartidas da EDP pela construção da barragem, que visa apoiar a constituição de empresas no Vale do Tua.

A EDP não quis falar sobre as questões técnicas da barragem. Mas o presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua e autarca de Vila Flor, Fernando Barros, acabou por admitir que a barragem está a ser testada. “Tanto quanto eu sei a barragem começou a encher de uma forma experimental. Aliás, nenhuma barragem pode encher sem que tenha um plano de primeiro enchimento aprovado e, segundo, que a APA (Agência Portuguesa do ambiente) dê autorização. Portanto se isso aconteceu é porque eles deram autorização, porque o promotor não pode, por si só, decidir”, frisou.

A Plataforma Salvar o Tua junta-se ao Movimento Cívico pela Linha do Tua, nas criticas à EDP. Esta plataforma garante que já questionou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sobre os fundamentos a decisão de iniciar o enchimento.

Em comunicado, enviado à comunicação social, este movimento frisa que “por lei, é à APA que compete autorizar, sob o ponto de vista da segurança, e na sequência de uma inspecção prévia, o início do enchimento”, assim como, “fazer cumprir o plano de primeiro enchimento”.

Fernando Barros não quis pronunciar-se sobre este assunto. “Não vou comentar, porque as câmaras são as entidades que estão a tentar promover o desenvolvimento e com um prossuposto que é a construção de um barragem. Não posso ter outros cenários, não posso porque não devo. Nós estamos aqui em defesa do desenvolvimento e das pessoas do Vale do Tua ”, referiu apenas.

Já o presidente do Parque Natural Regional do Vale do Tua, destacou a importância de implementar estratégias de promoção conjunta  do território dos concelhos abrangidos pela barragem: Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, através deste parque criado há três anos.

Artur Cascarejo frisou que este é um processo gradual, já que há financiamento garantido por 75 anos. Um financiamento que pode ser potenciado através de candidaturas a fundos comunitários. “Avançamos com o projecto sinalização que está neste momento para aprovação no Instituto da Mobilidade Terreste e avançámos também com umas candidaturas a fundos comunitários quer das portas de entrada, quer de um plano de turismo de natureza onde vamos ter o investimento em percursos perdestes e circuitos BTT e em várias outras componentes que normalmente fazem parte do turismo de natureza, na sua vertente de desporto e aventura ”, garante. 

Declarações durante a apresentação do Programa de Empreendedorismo  Vale do Tua 2016. A EDP já ajudou a criar cerca de 60 empresas nos concelhos afectados pelas barragens do Tua e do Baixo Sabor. Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Sara Geraldes