Azeitona está atrasada mas Trás-os-Montes promete azeite de qualidade

PUB.

Ter, 28/10/2025 - 08:57


Francisco Pavão, presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, adiantou que, apesar do atraso na campanha e das previsões de uma produção média, esperam azeitona de boa qualidade

As altas temperaturas e a falta de chuva marcaram o outono e atrasaram a campanha deste ano da azeitona na região. Ainda assim, Francisco Pavão, presidente da Associação dos Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, adiantou que, apesar do atraso na campanha e das previsões de uma produção média, esperam azeitona de boa qualidade. “Tivemos chuva que não veio mitigar assim tanto os efeitos da seca, que assolou a região durante os meses de verão. Esta água veio dar algum alento mas era precisa muita mais para que a maturação adiantasse. A campanha está atrasada. Este é um ano de produção média. Ainda poucos agricultores começaram a colher mas, daquilo que conhecemos da região, vamos ter azeites de excelente qualidade”.

Estas irregularidades climatéricas evidenciam a urgência de criar condições estruturais de regadio na região. Nesse sentido, o presidente da APPITAD fez questão sublinhar a urgência do aproveitamento agrícola das águas da barragem do Baixo Sabor. Uma reivindicação antiga dos produtores transmontanos. “Todas estas questões ligadas à seca nos fazem, desde há muitos anos, refletir sobre a necessidade de, urgentemente, termos um plano de regadio que permita mitigar estas situações. O que foi feito com o aproveitamento do Baixo Sabor e a exclusão dessa água para regadio é uma autêntica loucura”.

Em relação aos preços, Francisco Pavão afirmou que essa não uma questão que depende dos produtores locais e sim do mercado internacional. Pelo que, deixa o alerta que se deve olhar para os preços com alguma precaução. “Estamos muito dependentes do mercado mundial do azeite, sobretudo de Espanha. As expetativas de produção são mais reduzidas do que aquilo que se estava à espera e isto motiva que os preços subam, mas estamos numa fase muito inicial da campanha e por isso é extemporâneo dizer como vai ficar o preço”.

Apesar dos desafios, o setor tem registado sinais positivos, com o aparecimento de novos produtores. “Tem havido algum rejuvenescimento, jovens agricultores a tomar conta das explorações dos pais, com novas ideias, utilizando nova tecnologia, permitindo que tenhamos uma agricultura mais eficiente e competitiva”.

A região, representa cerca de 10% da produção nacional de azeite e continua a apostar mais na qualidade do produto do que na quantidade. A ausência de pragas e o clima seco contribuem para azeites de excelência, com características únicas. Apesar das incertezas climatéricas, Francisco Pavão mantém-se confiante na resiliência dos produtores transmontanos e na excelência do azeite da região.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Cindy Tomé