Qui, 30/10/2025 - 08:51
O Governo português nunca foi consultado pelo Governo espanhol sobre os possíveis impactos de uma exploração mineira de volfrâmio, que vai nascer a dois quilómetros do concelho de Vinhais, já em território espanhol. O alerta é do Movimento UIVO.
Daniel Vale, da organização, diz que se teme que o projeto possa contaminar o rio Rabaçal e afetar o Parque Natural de Montesinho. “Contactámos as várias juntas de freguesia, a câmara municipal de Vinhais e enviámos também esta informação para os ministérios do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros, que são as entidades a quem compete fazer diligências junto das entidades públicas espanholas. Todas estas entidades que contactamos estavam desconhecedoras da intenção de exploração desta mina. Isso fez soar o alerta porque sabemos os perigos que há de contaminação do rio Rabaçal”.
A mina vai ser instalada na Gudiña, junto à fronteira, e fica a pouco mais de 100 metros da Ribeira de Pente, um curso de água que desagua no rio Rabaçal, em Portugal. “Há dois afluentes do Rabaçal que passa em Pente, portanto há o perigo iminente de contaminação do rio Rabaçal e, consequentemente, dos cursos de água que ficam a jusante desta zona. Haverá ainda um impacto direto com ruídos, poeiras e vibrações associadas à vibração das máquinas e impacto na paisagem, sendo que estamos a dois quilómetros do Parque Natural de Montesinho, incluído na Reserva Transfronteiriça da Meseta Ibérica”.
O Movimento UIVO alerta ainda que a atividade poderá colocar em risco a qualidade da água utilizada para consumo humano e provocar problemas de saúde pública. “No rio Rabaçal também há recolha da água para consumo humano. E este atravessa as aldeias de Pinheiro Novo e Quirás, mas todo o território que é atravessado a jusante de Pente está afetado. O Rabaçal é um dos afluentes do Tua, que por sua vez é um dos afluentes do Douro. Ainda não sabemos avaliar o impacto que isto poderá ter em todo este território. Evidentemente que em Vinhais será a zona onde isso se fará sentir com maior gravidade mas admite-se que poderá ter impacto em todo o território atravessado pelo Rabaçal”.
Apesar de a exploração a céu aberto só estar prevista para 2026, os trabalhos de preparação já começaram, com movimentações de terras e a instalação de estruturas no terreno.
O grupo denuncia ainda que não foi pedida nenhuma avaliação de impacte ambiental transfronteiriço, um procedimento obrigatório segundo a Convenção de Espoo, devido à proximidade da mina com a fronteira portuguesa.
Escrito por Brigantia
FOTO: La Región
 
      



