Qua, 02/07/2025 - 15:16
48 horas depois de ter sido assolada pelo mau tempo, com trovoada, granizo e muito vento a causar prejuízos nas culturas agrícolas da localidade de Carvalhais, às portas da cidade de Mirandela, ontem à tarde, o mau tempo regressou e afetou não só Carvalhais mas também as anexas de Vila Nova das Patas, Contins e Vilar de Ledra, bem como Vale Pereiro já na freguesia de Mascarenhas.
Cerca das seis da tarde e durante pouco mais de dez minutos, trovoada, queda de granizo, mas sobretudo rajadas de vento muitos fortes que formaram uma espécie de mini-tornado foi o suficiente para levantar mais de uma dezena de telhados de habitações e armazéns, provocar a queda de dezenas de árvores e alguns postes de iluminação deixando a aldeia de Vilar de Ledra sem energia elétrica durante três horas.
Laurentino Gomes, morador em Vila Nova das Patas, conta que viu um telhado ser literalmente levado pelo forte vento
"Estava numa propriedade minha, e tive de me refugiar para dentro da casa, porque estava a sentir medo, com tanto vento, tanta chuva, ventos cruzados, chuvas cruzadas. Quando olho para o lado, vejo um monstro, parecia um monstro, a subir em espiral, vejo um remoinho de vento e água a subir, aquele pedaço de placa que são para aí, 110 metros quadrados, a subir, para aí uns 15, 20 metros, e depois de chegar àquela altura, voaram literalmente em paralelo e foram cair, para aí uns 30 metros desviado do sítio onde ele estava instalado. Havia ali quatro ou cinco carros parados, por sorte, por milagre, não caiu em cima de nenhum", conta. "Entre árvores e beirais de casas, chaminés, aquilo foi um mini-tornado, onde passou levou tudo", acrescenta.
Já João Sá, proprietário da Quinta da Ponte - entre Carvalhais e Vilar de Ledra – revela que duas dezenas de árvores de grande porte tombaram e uma delas ainda atingiu o telhado da casa, onde, na altura, não estava ninguém
"Foram à volta de 20 árvores, garantidamente, com mais de 30 anos, arrancadas literalmente em várias partes da quinta. Duas delas caíram sobre o telhado da casa, ou seja, estamos a falar de um pinheiro, com cerca de 20 metros de altura, que caiu sobre o telhado, e partiu uma parte da laje, e outras caíram sobre os cabos de eletricidade. Ainda bem que não estava ninguém em casa", relata.
O Presidente da junta de freguesia de Carvalhais, Nélson Teixeira, num levantamento ainda provisório, confirma que, em toda a freguesia, os estragos materiais são consideráveis.
"Foram 10 minutos de intensidade de muito vento, vários telhados que foram destruídos, várias plataformas que voaram a várias distâncias de metros, ainda não temos uma avaliação completa, porque também temos casas de emigrantes que estão longe, e de casas devolutas também, que têm de se identificar os proprietários. Dezenas de telhados, eu contei pelo menos 14, 15, mas como disse, ainda não tive tempo de dar a volta, amanhã vamos fazer um levantamento mais profundo, realmente das necessidades que as pessoas vão precisar", refere Nélson Teixeira que informa ainda já ter sido restabelecida a energia elétrica em Vilar de Ledra, cerca das 21 horas.
Também o presidente da Câmara de Mirandela, Vítor Correia, esteve nos locais afetados, revelando que, até ao momento, apesar de vários estragos, não houve necessidade de realojar nenhuma família
"Ainda não conseguimos quantificar efetivamente os danos, felizmente não surgiram danos pessoais, isso já é de salientar, só são danos materiais, mas já há vários telhados que sofreram levantamentos, espera-se que não chova de noite para que os prejuízos não sejam agravados. Esteve lá a equipa da divisão de ambiente e serviços operacionais, juntamente com os bombeiros, para fazer o levantamento de todas as situações que havia”.
O comandante dos bombeiros de Mirandela, Luís Soares, adianta que foram solicitados para várias ocorrências, nomeadamente para operações de limpeza da via devido à queda de algumas árvores.
Os danos também foram extensíveis novamente à EPA de Carvalhais (já tinha feito estragos no domingo) desta vez com uma fila de telhas do telhado de escola de hotelaria a ser levantada com a força do vento bem como a queda de várias árvores.
Escrito por Rádio Terra Quente (CIR)