CIM considera “desconsideração intolerável” do Governo passar gestão dos museus Abade Baçar e Terra de Miranda para os municípios

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Qui, 27/07/2023 - 08:57


Passar a gestão dos museus Abade Baçal e Terra de Miranda e da Domus Municipalis de Bragança para os municípios é uma “desconsideração intolerável” do Governo

A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes está indignada com a exclusão destes espaços culturais da rede nacional de museus, deixando de ser geridas pela Direcção Regional de Cultura do Norte.

“Há uma litoralização até também da cultura, há um desinteresse por aquilo que é a cultura e o património no interior. A Domus Municipais é um monumento único na Península Ibérica, não a considerar de interesse nacional ou estar integrada depois na gestão dos monumentos de interessa nacional, não faz qualquer sentido, como não faz dos museus, porque têm uma identidade nacional”, frisou presidente da CIM, Jorge Fidalgo.

O Governo anunciou que, a partir do próximo ano, a Direcção-geral da Cultura se irá dividir em duas entidades, a Museus e Monumentos de Portugal e o Instituto Público Património Cultural. O Museu Terra de Miranda, em Miranda do Douro, e o Museu Abade Baçal e a Domus Municipalis, em Bragança, ficaram de fora da gestão nacional. Uma desclassificação dos espaços culturais que põe em causa a coesão territorial, afirmou Jorge Fidalgo.

“Do que aqui se trata é de uma desclassificação da importância que é atribuída a esses dois museus e à Domus Municipalis, portanto a Comunidade Intermunicipal não pode aceitar isso, porque é uma desconsideração para com o território, isto é tudo que é contrário à coesão. Não podemos falar de coesão e desenvolvimento regional quando aquilo que é mais identitário do nosso território, que é o património histórico-cultural, que é identitário do próprio país, é desclassificado desta forma”, disse.

Caso a gestão passe mesmo para os municípios, as despesas com os funcionários também passarão.

“Mais um encargo para os municípios. Já temos a experiência que esta transferência de competências que vai ocorrendo para os municípios traz mais despesa aos municípios”, acrescentou.

Os directores dos museus Abade Baçal e Terra de Miranda já se tinham manifestado contra esta alteração, assim como os autarcas de Bragança e Miranda do Douro. A CIM Terras de Trás-os-Montes também já entregou uma moção a mostrar a sua indignação. O processo esteve em consulta pública. Resta agora saber se a gestão dos espaços vai mesmo passar para os municípios.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais