Vestígios arqueológicos reforçam ideia de que capital dos Zoelas e paróquia de Brigantia foram em Castro de Avelãs

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Qua, 26/07/2023 - 09:03


Acredita-se que a capital dos Zoelas, há dois mil anos, estava em Bragança, mais concretamente em Castro de Avelãs

Esta é uma das conclusões de escavações que foram feitas entre 2012 e 2015, pela Universidade de Coimbra. Pedro Carvalho, coordenador das escavações, explicou que esta aldeia é uma referência para a história da região.

“O lugar de Castro de Avelãs encerra um passado e uma carga histórica muito importante, é um lugar de referência para a história mais recuada de Trás-os-Montes. O lugar da Torre Velha de Castro de Avelãs poderá corresponder à capital dos Zoelas, em época romana, há dois mil anos. É um povo mencionado por Plínio, autor romando do século primeiro”, adiantou.

Nas escavações foi encontrado um espaço funerário e uma igreja primitiva que levam a crer que em Castro de Avelãs terá estado a paróquia Brigantia, que terá dado nome à cidade de Bragança.

“Durante as escavações a hipótese de Brigantia se localizar em Castro de Avelãs parece ser reforçada pela descoberta na Torre Velha de um amplo espaço funerário com enterramentos datáveis dos séculos seis ao doze ou treze e também de uma possível igreja primitiva do século seis. Estes vestígios acabam por reforçar a possibilidade desse lugar não ser só a capital dos Zoelas, mas também ser a paróquia de Brigantia que está na origem da actual Bragança”, explicou.

Dos cerca de 50 enterramentos que descobriram no espaço fúnebre, Pedro Carvalho disse que foi encontrado um que se distinguia dos restantes.

“É um individuo do século onze e chamou-nos logo atenção durante a escavação pelas suas características morfológicas, sobretudo pela sua elevada estatura, tinha cerca de 1,80 metros. Era um homem mas distinguia-se dos outros por ter a anca consideravelmente mais larga, por outro lado, verificámos que este individuo apresentava algumas características cranianas habitualmente observadas nas populações de origem africana, o que nos levaram a fazer uma análise ao ADN. Quando as análises de ADN revelaram que o individuo tinha o Síndrome de Klinefelter foi para nós surpreendente”, disse.

As escavações foram feitas entre 2012 e 2015 pela Universidade de Coimbra, com financiamento da Câmara Municipal de Bragança.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais