Qua, 05/07/2023 - 09:14
Em dias de risco de incêndio muito elevado e máximo, há maquinaria que não pode ser utilizada, avançar o Major Vítor Romualdo. “Há a proibição da realização de certos trabalhos com recurso a motoroçadoras, excepto aquelas que usam cabeça com dispositivo não metálico, como por exemplo o fio de nylon. Também é proibido o uso de corta-matos e destroçadores ou qualquer máquina com sem tapa chamas, nomeadamente equipamentos de corte, como motosserras ou rebarbadoras”.
Máquinas agro-florestais e respectivas alfaias só podem ser usadas depois do pôr-do-sol até às 11 da manhã. No entanto, adianta que há excepções. “Sempre que temos trabalhos associados à alimentação, abeberamento e gestão de animais, tratamentos fitossanitários, regas, podas, transporte de culturas agrícolas que têm que ser de carácter essencial e inadiável também é uma excepção”.
Mas os agricultores dizem que não é bem assim. Rafael Pires tem cereais em Outeiro, concelho de Bragança e lembra-se bem do ano passado ter que parar a colheita devido ao risco de incêndio. “A GNR foi ter connosco e mandou-nos parar. Estava alerta vermelho e mandou-nos regressar a casa com as máquinas. Estivemos cerca de três ou quatro dias parados. É complicado porque só temos esta altura para fazer as nossas colheitas. Já estamos prevenidos com extintores e já trazemos tudo e mais alguma coisa mas mesmo assim obrigam-nos a parar”.
E se tiver que parar a colheita, já se pode esperar prejuízos no cereal. “O cereal pode ficar ressequido. A palha não presta porque depois fica seca demais. O ceral não tem a mesma qualidade porque fica torrado com o excesso de calor. Depois também temos a questão dos fogos. Pode haver um incêndio e ir para o meio do cereal e destrui-lo”.
Ernesto Marrão, de Deilão, no verão passado também foi abordado por uma “brigada da GNR” que o impediu de segar. Mas o agricultor não entende porquê. “Toda a vida se malhou em tempo quente e durante o dia. É verdade que às vezes há risco de incêndio nas máquinas, mas não é só nas máquinas, o incêndio pode ser provocado por qualquer coisa. Eu não concordo com isto, os agricultores têm que fazer as suas colheitas”.
Considera que deveria haver alternativas para que os agricultores que não fosse parar as colheitas. “Eu acho que há sapadores com carros de tanques de água, então era mais fácil porem uma brigada perto de máquinas e se houver alguma coisa irem logo lá”.
Nos dias de risco de incêndio rural muito elevado e máximo, as máquinas são obrigadas a terem extintor. Um, se a máquina tiver um peso inferior a 10 toneladas, dois se for superior a 10 toneladas.
Para saber qual o nível de perigo de incêndio no seu concelho e os cuidados a ter, as pessoas devem consultar o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. A GNR de Bragança está a tentar criar uma linha telefónica para facilitar o acesso a toda esta informação, para as pessoas que têm dificuldade em aceder à internet.
Escrito por Brigantia