Falta de professores compromete escolha dos alunos nos cursos superiores

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Ter, 27/06/2023 - 09:01


Este ano lectivo foi marcado pelas greves e protestos dos professores

Ainda assim, em Bragança as faltas dos docentes foram “pontuais” e os alunos dizem que a aprendizagem não ficou comprometida, pelo que os exames estão a ser relativamente fáceis.

Os alunos dizem que têm a preparação que consideram adequada para conseguir fazer as provas que estão a decorrer, desde a semana passada, para o ensino secundário.

João Fernandes é aluno do 11º ano do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, em Bragança. Na quarta-feira da semana passada teve exame de Biologia e Geologia. A prova não correu nada mal porque estudou e porque o professor pouco faltou. Considera que o grande problema não são as greves mas sim não sentir que os professores o motivam.

“Foi mediano. Não foi muito complicado. No meu caso as greves não afectaram, mas tenho a noção que para alguns colegas interferiu. Os professores não fazem um bom trabalho em motivar os alunos a irem para a universidade”, disse.

Telma Correia também fez exame de Biologia e Geologia. A prova não apresentou dificuldade nenhuma. Ainda assim lamenta que os exames estejam mais acessíveis e que se esteja a criar algum facilitismo.

“Fiz vários exames e considero que o do ano passado foi um bocadinho mais difícil do que este. Considero que tenha sido por causa das greves e da pandemia e acho que é um bocadinho injusto. Agora há questões opcionais e isso facilita muito em relação aos outros anos”, criticou.

Questionado sobre o facto de os alunos terem provas possivelmente cada vez mais fáceis, Carlos Fernandes, director do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, que recorda que “os exames nacionais ainda continuam com as adaptações que não eram visíveis nos tempos pré-pandémicos, com algumas respostas obrigatórias mas outras facultativas”, disse que o paradigma de avaliação mudou, com estas questões das aprendizagens essenciais.

“Por vezes quando se aplica este novo paradigma na avaliação, os alunos queixam-se porque privilegia-se mais aquilo que é a avaliação formativa e a avaliação continua, mas depois aquilo que verificamos no terreno, é que realmente essas aprendizagens essenciais e aquilo que é permitido durante o ano lectivo depois não é devidamente avaliado nos exames”, referiu.

Rui Feliciano, professor no Agrupamento de Escolas de Mirandela e ex-dirigente sindical do STOP, diz que os alunos não foram prejudicados com as greves. O problema é outro. Ou seja, o estado em que a escola pública se encontra.

“A verdade é que neste momento estamos preocupados com a qualidade das aprendizagens e a qualidade das aprendizagens não tem nada a ver com as perturbações que houve na escola. A maior parte dos alunos em Trás-os-Montes praticamente não perderam aulas. Sou professor e pai de filhos que ainda estão em idade escolar e essas duas filhas tiveram vários períodos de tempo sem professores, não foi com a greve, foi com a falta de professores, porque não existem”, destacou.

Rui Feliciano diz que os jovens que estão a terminar o ensino secundário não se sentem motivados em prosseguir estudos superiores e que se deve ao estado da escola pública.

Os exames, para os alunos do ensino secundário, começaram na segunda-feira da semana passada. A prova que marcou o arranque foi a de Português, para os alunos do 12º ano.

Os finalistas do secundário têm amanhã exame de Matemática A e na sexta de Desenho A.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves