Seca este ano pode ser pior do que a do ano passado e deixa agricultores alarmados

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Ter, 09/05/2023 - 09:23


A seca deste ano pode ser ainda maior do que a do ano passado

Com 89% do território já em situação de seca, Instituto Português do Mar e da Atmosfera anuncia um mês fora do “normal” e a agricultura voltará a sofrer as consequências.

A percentagem de água no solo é quase nula em várias zonas de Trás-os-Montes e o cenário não se vai compor. As previsões do IPMA, para este mês, não podiam ser muito piores.

Artur Aragão é produtor de azeite. Tem 150 hectares de olival em Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Flor e antevê tempos difíceis. Na campanha passada, no que toca apenas à área que tem na Vilariça, teve uma quebra de 90%. Dado o cenário que o IPMA já relata, prevê que a próxima seja igual ou pior.

“Tenho a certeza que vai pelo mesmo caminho, se não for pior, porque as árvores sofreram muito o ano passado, elas ainda não recuperaram, elas estavam neste momento em recuperação. Não me lembro de um mês de Abril com tanto calor. O problema podia ser amenizado se tivéssemos instituições que defendessem o regadio e não que a água deve ir para o mar”, sublinhou.

O ano passado também “foi drástico” para a cultura da amêndoa, segundo esclareceu Bruno Cordeiro, presidente da Cooperativa Agrícola de Produtores de Amêndoa de Trás-os-Montes e Alto Douro. As plantas “sofreram muito” com a falta de água. E o sofrimento, pelos vistos, é para continuar.

“Já precisávamos de água ontem, quanto mais hoje e amanhã. Vai ser muito complicado para a cultura da amêndoa. Apesar de os lençóis freáticos estarem num nível aceitável, se não chover num curto espaço de tempo, a produção está em causa. Já o ano passado se perderam árvores e estou convencido que este ano ainda vão secar mais”, disse.

No que toca à cultura da castanha também já há algum alarme. Abel Pereira, presidente da Arborea, Associação Agro-Florestal da Terra Fria Transmontana, diz que se não chover em Maio e se o mês for quente, “a situação é preocupante”.

“Aquilo que está no terreno não é preocupante à data de hoje, mas se Maio for um mês quente, com temperaturas na ordem dos trinta e tal graus, sem qualquer tipo de precipitação pode ser complicado”, afirmou.

Em Macedo de Cavaleiros já se deu começo à campanha de rega no início de Abril. Manuel Cardoso, presidente da Associação de Beneficiários de Macedo de Cavaleiros, diz que o que se pensa é que “não irá haver falta de água este ano”.

“A barragem do Azibo tem um nível de água muito bom neste momento. Temos estado sempre acima dos 601 m, como a cota máxima é de 602 m, podemos considerar que o Azibo está cheio. O nosso objectivo é economizar o máximo, porque nós não sabemos se no próximo Inverno também choverá. Temos que nos preparar para um situação em que a seca se possa prolongar por mais um ano”, referiu.

Os valores meteorológicos registados em Abril colocam-no entre os cinco mais quentes desde 1931. Após meses marcados por temperaturas acima do normal e precipitação abaixo do ideal, segundo o IPMA, Maio será mais quente que o normal e também não deverá haver chuva, ou pelo menos a que fazia falta.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves