Sex, 20/03/2015 - 11:30
José Manuel Silva afirma que, enquanto não forem criadas condições atractivas para a população em geral, os médicos vão continuar a preferir emigrar do que deslocar-se para o interior. “Não se pode dizer que os médicos não se querem deslocalizar porque os médicos estão a deslocalizar-se para vários países da Europa. Também viriam para o interior do país se fosse suficientemente atractivo para isso. Nós temos médicos. Só no ano passado emigraram 387 médicos”, constata o responsável. O bastonário da Ordem dos Médicos frisa que é necessário acabar com a política de encerramento de serviços para evitar a desertificação destas zonas e atrair não só médicos mas também profissionais de outras áreas.“Temos assistido a um ciclo vicioso de desertificação do interior do país, com encerramento de escolas, tribunais e outros serviços. Tudo isto desincentiva as pessoas de se fixarem no interior do país. É preciso cortar esse ciclo vicioso, não fechando mais nada no interior do país e investindo nessas zonas, tendo também que haver medidas de favorecimento para as populações que vivem no interior”, sublinha José Manuel Silva. O Governo quer dar aos médicos um incentivo de mil euros mensais para que se fixem nas zonas do interior do país, onde há falta de médicos, somam-se ainda compensações para despesas de deslocação e de transporte e outros benefícios. Medidas que José Manuel Silva vê com bons olhos mas que considera insuficientes. A falta de médicos é sentida particularmente em Alfândega da Fé. A presidente do Município, Berta Nunes, tem vindo a alertar para os constrangimentos causados no Centro de Saúde, que lamenta que ainda não tenha sido resolvidos.“Nós temos um problema muito grave, que é do conhecimento da Unidade Local de Saúde do Nordeste, que tem tentado encontrar soluções, mas que ainda não conseguiu encontrá-las até ao momento. Isto traduz-se num prejuízo muito grande para os utentes. Muitas vezes os nossos doentes já nem sequer vão ao centro de Saúde, vão directamente às urgências de Mirandela ou Macedo de Cavaleiros. Os cuidados primários não funcionam e é por isso que, muitas vezes, as pessoas vão às urgências. Elas gostariam de ser atendidas localmente, mas muitas vezes não têm médico para as atender”, saleinta Berta Nunes. A autarca frisa que Alfândega da Fé “nunca esteve tão mal” em termos de médicos como nos últimos tempos. Para tentar colmatar esta situação, há médicos que se deslocam esporadicamente de outros centros de saúde e os próprios bombeiros acabam por prestar cuidados de saúde aos utentes. A falta de médicos no interior a preocupar o bastonário da ordem dos médicos e o Município de Alfândega da Fé. Escrito por Brigantia.