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Pandemia reiventa empresários

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Qua, 24/02/2021 - 09:00


A pandemia obrigou vários empresários a reinventarem-se para conseguir manter a empresa aberta. Alguns alteraram os produtos, outros mudaram de mercado e houve até quem tivesse a coragem de abrir um novo negócio

Cruzar os braços não está nos planos de alguns empresários da região que têm lutado para que a pandemia não os derrubasse. É o caso da “Bago e Mel”, sedeada em Mirandela, que vendida bombons de chocolate com produtos transmontanos para grandes hotéis. Com eles fechados, tiveram que arranjar outra alternativa. Uma delas foi vender ao público, outra foi criar doces personalizados, explica Bruno Cruz, um dos proprietários. "Temos produtos para dias especiais, como tivemos para o Dia dos Namorados e como vamos ter para a Páscoa. Estamos a lançar novos produtos tendo sempre como base o chocolate e os produtos regionais e é essa vantagem em relação às grandes superfícies: fazer produtos personalizados que surpreendam as pessoas".

Para este jovem empresário, fazer produtos personalizados e diferenciados é o que o faz acreditar que estão a seguir o caminho certo e que é isso que os distingue de todos os outros. "Criar produtos inovadores, que sejam diferentes e que as pessoas associem a Trás-os-Montes. A pandemia trouxe tempo para refectir e para criar novos produtos mais elaborados".

Por outro lado, houve quem tivesse a coragem de abrir um negócio. A pandemia foi só o empurram que Tiago Alves precisava para pôr em prática um projecto de entrega de comida em casa, que há muito imaginava. “Comer em Casa” é uma plataforma com mais de 20 restaurantes de bragança, desde o fast food à comida tradicional. De mês para mês o sucesso tem sido evidente. "Todos os meses nos surpreendem a nós próprios. O número de vendas ultrapassou as expectativas. Em Julho e Agosto, que não houve confinamento como o que estamos a atravessar, estivemos quase ao nível destes dois meses de Janeiro e Fevereiro".

Apesar de ter surgido em pleno confinamento, o ano passado, o empresário brigantino acredita que encomendar comida é já um hábito enraizado e quando a pandemia acabar o sucesso da plataforma irá manter-se. "É mesmo um hábito que está enraizado e que tende a continuar. Pode acontecer que quando termine a vacinação as quebras sejam de 10 a 15%, mas vai haver consumo porque o comodismo e a falta de tempo não mudam".

Houve também quem tivesse expandido o negócio. Luísa Rodrigues é proprietária dos minimercados “Frutas Frescos”, que em plena pandemia abriu um quarto espaço. A empresária acredita que A proximidade com os clientes, o rigor e a qualidade dos produtos são razões que ditam o sucesso deste negócio, mas também o receio das aglomerações nas grandes superfícies. "Acho que aderem mais um bocadinho porque não há tanta confusão. Somos bastante cuidadosas".

Luísa Rodrigues chegou a entregar comida em casa e a ajudar pessoas que estavam em confinamento. "Na primeira fase de confinamento levámos bastante encomendas a casa. Havia pessoas que nos ligavam para separar os produtos e nós iamos levar-lhes a casa".

Já ligado ao turismo de natureza, existe a empresa Portugal NTN, em Mirandela, que também ela se reinventou para conseguir manter o negócio activo. Decidiu apostar mais na consultoria e criar projectos relacionados com percursos pedestres, centros de ciclying e aplicações móveis. Dedicava-se também a actividades na natureza, mas acabou por ficar pendente devido à pandemia. Ao todo são três áreas que abrem caminho para a rentabilidade, explica Domingos Pires, gerente da empresa. "Aquilo que nos tem salvaguardado foi a aposta estratégica que fizemos desde o começo: trabalhar em três áreas de negócio distintas, achámos sempre que seria esta flexibilidade que nos ajudaria a sobreviver aos altos e baixos que cada um dos segmentos pode ter".

Exemplos de resiliência numa altura em que se atravessa uma crise económica provocada pela pandemia.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais