Este é o pior ano de sempre para produtores transmontanos de mel

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Qui, 15/09/2022 - 09:04


O presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste fala em quebras de produção entre os 80 e os 90 por cento que já terá levado à diminuição de cerca de duas mil colmeias e ao abandono de actividade de alguns produtores de mel

O Presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste, José Domingos Carneiro, não tem dúvidas que nos cerca de 40 anos que está ligado ao sector da apicultura, 2022 é o ano mais fraco de sempre de produção de mel na região com quebras entre os 80 e os 90 por cento.

“Acho que batemos no fundo, porque este ano houve apicultores que tiveram meio quilo de produção por colmeia. A média anda nos três, quatro quilos, quando num ano normal chega a ser de 20 quilos por colmeia”, contou.

A Associação de Apicultores do Nordeste abrange cerca de 500 produtores de mel com um total de cerca de 50 mil colmeias de vários concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real e até de Vila Nova de Foz Coa, já no distrito da Guarda. José Carneiro revela que esta quebra de produção, que vem acontecendo nos últimos três anos, já levou à diminuição de mais de duas mil colmeias.

“Alguns abandonam, outros diminuem os efectivos e como há menos abelhas, menos colmeias a produção também é menor”, frisou.

Se já não bastasse o problema dos incêndios, também a seca veio a agravar situação porque afectou a floração da flora e com isso fica comprometida a sobrevivência das abelhas porque não têm alimento.

“Há um espaço de tempo em que as abelhas têm ao seu dispor o néctar, se não vem tempo bom para poderem trabalhar porque não existe floração, como agora aconteceu, elas não saem das colmeias e não se alimentam, pelo que os apicultores já estão a alimentar com açúcar as suas abelhas”, adiantou.

Perante este cenário, o presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste queixa-se de falta de apoios por parte do Governo.

“Veio agora uma ajuda, apenas para os apicultores afectados pelos incêndios, de 700 gramas de açúcar por colmeia, que nem tenho palavras para classificar isto, porque o apicultor gasta por colmeia, cerca de 10 quilos, veja o apoio que estão a receber”, lamentou.

José Domingos entende que devia existir maior sensibilidade da parte do poder central para o sector, lembrando a importância que as abelhas têm para a agricultura, como insectos polinizadores.

O concelho de Mirandela é aquele que regista a maior quebra na produção, a que não está alheio o facto de ser o segundo concelho do país com mais colmeias. Tem perto de 10 mil. Mais só mesmo no concelho de Loulé, no Algarve.

O sector da apicultura a ter quebras de produção a rondar os 90 por cento, o que leva o presidente da associação dos apicultores do nordeste a dizer que é o pior ano de sempre no sector.

Escrito por Terra Quente (CIR)

Foto: Associação dos Apicultores do Nordeste